Uma certa emoção...
Júlio César
– Ficar rodando que nem leão em jaula não resolve nada, irmão. O tempo passou, a vida seguiu. Fala alguma coisa Júlio César.
Olhei para o Gustavo e senti o peso das palavras entaladas na garganta. Respirei fundo antes de responder.
– Eu nunca vou superar isso, Gustavo… nunca vou me perdoar.
Ele me encarou sério, mas sem julgamento.
– Já se passaram sete anos, Júlio. O que está feito, está feito.
Sete anos… parecia que tinha acontecido ontem. Balancei a cabeça, me levantei e fui até o criado mudo. Abri a gaveta devagar, como quem toca uma ferida antiga, e tirei a pulseira. A mesma que a Isadora deixou cair, a mesma que guardo até hoje.
– Por que você ainda guarda isso? Por que não se livrou dela?
– Porque é impossível. Não consigo. Jogar fora seria como negar que ela existiu, como apagar o que eu destruí.
Meu irmão passou a mão no cabelo e me lançou a mesma pergunta que eu sempre evitava ouvir:
– E o que você pretende, Júlio? Vai viver assim o resto da vida?
Engoli o seco,