O óbvio...
Gustavo
Encostei o braço na janela e fiquei observando: Lívia jogada no banco de trás do carro, impaciente, tamborilando os dedos no próprio colo. Dei a volta e parei ao lado, batendo de leve na lataria com a mão, fazendo sinal para ela sair.
– Como assim? Ela perguntou com os olhos faiscando de raiva.
– Como assim o quê? Vai vir comigo. Eu mesmo vou dirigir. Vem sentar aqui do meu ladinho… a não ser que esteja com medo de mim.
Ela bufou, revirou os olhos e saiu do carro sem esconder a contrariedade. Caminhou até o meu e bateu a porta com força, se ajeitando no banco. Fiquei alguns segundos só observando a forma como ela passava o cinto, os movimentos rápidos mas ainda assim femininos.
– O que foi agora?
– É que você ficou linda nesse macacão… mas eu preferia que estivesse de saia.
Ela virou o rosto para mim, indignada.
– Gustavo, não começa.
– Nem comecei ainda. Soltei uma risada baixa e liguei o carro.
O resto do caminho foi em silêncio, mas eu sentia o olhar dela queimando de lado,