O gato comeu sua língua...
Gustavo
Atravessei a grande porta de madeira, pesada e imponente, sentido o ar fresco da tarde me envolver assim que alcancei o jardim nos fundos da mansão. O caminho de pedra destacou a beleza do gramado verde e das plantas, mas a minha atenção se fixou de imediato na figura do meu irmão.
Júlio César estava ali, sentado no banco próximo ao espelho d’água com o celular na mão e o olhar distante, como se carregasse o peso de todos os pensamentos do mundo.
– O que você está fazendo aqui?
– Só pensando na vida.
Estreitei os olhos, cruzando os braços.
– Estranho… pensei que fosse encontrá-lo com a petulante da Lívia.
– Você não está preocupado demais com ela, não, Gustavo? Para quem vive dizendo que não a suporta… ou será que está com ciúmes da Lívia comigo?
Soltei um riso seco, sem humor.
– Ciúmes? Não tenho tempo pra tanta besteira, Júlio.
Ele apoiou o celular no joelho e inclinou-se um pouco pra frente.
– Então não vai se importar se eu investir na moça.
Mordi a mandíbula, controlando