Eu sou o novo vizinho...
Júlio César
Respirei fundo encostado na madeira fria da porta, grudado no olho mágico. Era possível ouvir as vozes abafadas pelo corredor, mas nítidas o bastante para me atingir, como facadas.
– O grupo estava animado, como sempre. Disse o tal ruivo, com o tom de quem acha que tudo lhe pertence. – Mas já está mais do que na hora da gente sair só nós dois, de forma mais… íntima, não acha?
Meu peito apertou. Senti o sangue ferver.
A voz da Isadora era calma, contida. O mesmo tom que usava quando queria encerrar um assunto sem se exaltar:
– Já te expliquei várias vezes, Eduardo. No momento eu não estou aberta pra um novo relacionamento.
Ele riu, um riso cínico que dá vontade de socar.
– Eu não me importo se for algo casual, Isadora. Falou passando o dedo pelo rosto dela. – Já faz meses que você veio pra São Paulo. Tenho sido uma boa companhia, você sabe que eu gosto de você. Eu preciso mais do que isso… Fez um gesto com as mãos.
Minha respiração ficou pesada. Cada palavra dele era um ins