Parece errado...
O carro seguia pela estrada estreita, e eu olhava pela janela sem realmente ver nada. A paisagem passava, mas minha cabeça estava longe. Muito longe. O volante nas mãos do Caleb parecia a única coisa firme naquele momento. Todo o resto estava solto dentro de mim.
O silêncio ficou pesado por alguns minutos. Não aquele silêncio confortável. Era um silêncio cheio de coisa entalada.
— Eu não consigo aceitar isso — falei de repente, sem olhar pra ele.
Caleb não respondeu na hora. Apenas diminuiu um pouco a velocidade, como se entendesse que aquele não era um momento qualquer.
— Como alguém faz isso com um filho? — continuei. — Como um pai consegue olhar pra própria vida, pra própria família, e fingir que um filho não existe?
Minha voz falhou, mas eu continuei falando. Se eu parasse, ia desmoronar.
— Eu passei a vida inteira achando que conhecia meu pai. Que ele era um homem íntegro, correto, firme. Um exemplo. E agora eu descubro que ele abandonou um filho como se fosse nada.
Caleb respiro