Pamela
Os últimos quilômetros pareceram mais longos do que toda a viagem somada. A estrada ficou estreita, o asfalto cheio de remendo, e o carro sacudia em alguns pontos. Eu olhava pela janela e via cerca velha, mato alto, árvores tortas e casas afastadas, como se cada uma tivesse sido jogada ali sem planejamento.
Interior de verdade. Cru. Silencioso.
— Deve ser aqui — Caleb disse, reduzindo a velocidade.
Meu corpo inteiro ficou tenso na mesma hora. Ajustei a postura no banco, passei a mão no cabelo por puro nervosismo. Meu coração batia tão forte que parecia que todo o carro podia ouvir.
O GPS avisou que havíamos chegado. Caleb encostou o carro perto de uma estrada de terra e desligou o motor. O silêncio caiu pesado entre nós.
Na nossa frente, uma casa simples. Muito simples. Portão baixo, de ferro, já com manchas de ferrugem. Um quintal grande, árvores antigas, galinhas andando soltas, uma varanda longa com uma cadeira de balanço gasta pelo tempo.
— É exatamente como eu lembrava —