Pamela

Chegar em casa foi estranho. Não do tipo “que bom estar de volta”, mas daquele jeito silencioso, meio oco. A casa estava do mesmo jeito que deixamos. Tudo no lugar. As luzes apagadas. O cheiro familiar. Ainda assim, parecia que algo tinha mudado. E tinha. Eu tinha mudado.

As crianças já estavam dormindo. As babás tinham feito tudo certinho. Vitória deixou um bilhete simples na mesa da cozinha dizendo que qualquer coisa era só ligar. Li, sorri de canto, mas não consegui responder nada. Minha cabeça estava longe demais pra digitar qualquer palavra coerente.

Caleb largou as malas no quarto e voltou pra sala. Me encontrou parada no meio do caminho, olhando pro nada.

— Você quer comer alguma coisa? — ele perguntou.

Balancei a cabeça.

— Não tô com fome.

Na verdade, eu não sentia nada físico. Nem fome, nem sede. Só aquele peso chato no peito, como se alguém tivesse bagunçado um lugar que eu passei a vida inteira achando que estava arrumado.

Sentamos no sofá. Um do lado do outro. Não g