CALEB
Quando finalmente saí do prédio, ainda meio tonto, com o ombro queimando e as costas latejando, eu só queria entrar no carro, respirar fundo e fingir que o dia não tinha sido uma merda completa. A segurança me falou a última coisa antes de eu ir:
— Senhor Belmont, o Renato fugiu pelas escadas de emergência. Mas as câmeras pegaram tudo. Ele não vai longe.
Eu só dei um aceno cansado.
Eu não tinha energia nem pra ficar com raiva.
Entrei no carro, sentei no banco e soltei o ar devagar. Na minha cabeça só passava a imagem da Pamela sorrindo, com aquele jeito dela que sempre consegue me trazer de volta pro eixo. Era isso que eu queria agora. Minha casa. Meus filhos. Minha mulher.
Dirigir foi estranho. Eu tava no automático, como se meu corpo fosse sozinho e minha cabeça estivesse flutuando ali atrás, tentando entender se eu tinha quebrado alguma coisa. Na lombar tinha um ponto que latejava tanto que parecia alguém enfiando uma faca devagar.
Mas eu não queria ir pro hospital.
Eu só que