POV: Aslin Ventura
O médico me deu alta ao meio-dia. Eu soube pela luz que entrava pela janela, não porque quisesse sair.
Eu não queria ir embora.
Não porque o hospital fosse um lugar acolhedor, nem porque eu estivesse confortável, mas porque ali, ao menos, ele não podia ser ele por completo, não podia me machucar.
Alexander não podia gritar comigo, nem quebrar portas na frente das enfermeiras. Não podia me arrastar pelos cabelos, nem falar comigo com aquela voz que fazia até os vidros tremerem.
Ali havia olhos. Gente.
E mesmo que todos estivessem cegos para a verdade, a presença deles ao menos me protegia... um pouco.
Uma enfermeira entrou com um sorriso largo, segurando uma prancheta na mão.
— Pronta para ir para casa, senhorita Ventura? —disse com entusiasmo.
Quis dizer que não. Quis gritar para me deixarem ficar, que me trancassem, que não me levassem de volta para ele.
Mas apenas assenti com a cabeça.
Alexander se levantou da poltrona onde estava sentado desde que eu acordei.
Apr