POV: Aslin Ventura
Não sabia quanto tempo havia passado. No escuro, os minutos se diluíam até parecer horas, dias. Meus lábios estavam ressecados, a garganta ardia. O estômago latejava com pontadas agudas, mas, mais que a fome ou a sede, doía a alma.
O silêncio era uma faca. Não havia passos, nem vozes, nem ao menos o som de uma goteira que me lembrasse que o mundo ainda existia lá fora. Apenas o eco da minha respiração trêmula e fraca, e os batimentos do meu coração, por vezes tão altos que parecia que alguém mais precisava ouvi-los.
Carttal...
Onde estás?
Sabes o que nos fez?
Sentes meu medo?
Abracei os joelhos, tremendo. Tentava permanecer acordada, porque sabia que, se dormisse, o frio me consumiria mais rápido. Mas era tão difícil... e tão fácil desistir quando não restava mais nada.
Um ruído surdo tirou-me do torpor. Um leve rangido, apenas um toque... mas naquela escuridão silenciosa, soou como um trovão. Meu corpo reagiu antes da mente. Levantei-me de repente, com os músculos