Capítulo 2 – Decisão

Caroline encarou a mala à sua frente, tentada.

Contudo, para a surpresa de sua gêmea, num impulso abrupto, abriu a porta e saltou para fora do carro, correndo a esmo pela rua escura. Quando finalmente suas pernas cederam, sentou-se numa calçada qualquer e todo o peso da situação recaiu sobre seus ombros juntamente às lágrimas.

Sem dinheiro, sem casa para voltar, sem parentes… era ninguém.

Estava tão perdida em seus pensamentos que não percebeu alguém se aproximando por suas costas, gritou assustada ao ter seus cabelos agarrados e se debateu tentando se soltar, mas não conseguiu impedir seu algoz de nocauteá-la.

Algum tempo se passou e quando acordou, estava amarrada a uma cadeira, tonta e sentindo um gosto de sangue na boca. Não conseguia ver nada, seus olhos pareciam estar vendados, mas podia ouvir passos de alguém se aproximando.

– Você é burra pra caralh*, hein… – Uma voz masculina debochou fazendo Carline estremecer ao reconhecer como sendo um dos homens que havia invadido sua casa anteriormente.

– Onde está a porr* do dossiê? Ele continuou, questionando grosseiramente. – Já pegamos aquele put*, sabemos que está com você.

– Eu não sei… – Ela murmurou chorosa. 

– Resposta errada! Ele exclamou antes de estapeá-la com as costas da mão.

E parecia prestes a repetir o gesto quando ouviu uma movimentação dentro da casa, olhou para trás e no mesmo instante que tocou a coronha de seu revólver, um disparo certeiro o acertou bem na testa, fazendo-o cair no chão com um estrondo, morto.

Caroline gritou assustada enquanto tentava se soltar, até que acabou caindo com a cadeira, continuou ouvindo novos disparos, parecia uma troca de tiros, e então, tudo ficou em silêncio. Gritou novamente quando mãos fortes a agarraram pelos ombros, então, sentiu seu corpo sendo desamarrado, apenas para ser jogado por sobre o ombro do homem que sabe-se-lá o que planejava fazer com ela.

Um pano úmido foi pressionado contra seu rosto, e num instante, perdeu os sentidos pela segunda vez. Quando acordou novamente, estava num lugar quarto que desconhecia, cheia de dores. Piscou algumas vezes, seus olhos se acostumando à claridade, olhou ao redor e se deparou com um homem ao seu lado, parecia estar checando seu soro.

– Q-quem é você? Caroline questionou, gaguejando rouca.

Ele terminou o que fazia, e então virou-se para encará-la, mostrando que tratava-se do guarda-costas de Meredith. Seu rosto permanecia sério, assim como seus olhos azuis acinzentados e frios, tão assustadores quanto a cicatriz sob a sobrancelha de um deles.

– Se continuar nesse ritmo, vai morrer! Sussurrou depois de um tempo, então virou-se para encará-la. – Sua liberdade vale tanto à pena assim?

Caroline apertou as mãos ao ouvir isso, envergonhada por ter deixado sua vida chegar a tal ponto e então, achou melhor se calar.

– Entenda, você morta é inútil para mim… - Meredith resmungou surgindo de repente, ostentando braços cruzados e um semblante irritado. – Não seja burra, Caroline.

Então, tão abruptamente quanto havia chegado, girou nos calcanhares, dando as costas para a irmã, apenas indicando com a cabeça que o guarda-costas a seguisse.

– Obrigada por me salvar… – Caroline sussurrou baixinho antes que ele fosse embora.

O guarda-costas apenas acenou com a cabeça e saiu.

“ É, acho que não tenho outra opção.” Caroline pensou consigo mesmo, já nem sentia tristeza, apenas um profundo sentimento de desolação.

Então o tempo passou. Depois de alguns meses seu corpo já havia se recuperado, e diferente do que esperava, estava se tornando uma cópia fiel de Meredith. A única coisa que mantinha de seu verdadeiro “eu”, era a personalidade.

Havia sido colocada num apartamento discreto, mas luxuoso. O guarda-costas, que havia descoberto se chamar Eduardo, vinha sempre durante a madrugada, deixava suprimentos e instruções do que deveria fazer, indo embora logo em seguida. Não trocaram palavra alguma. E assim, começou seu treinamento, precisava estudar sobre Meredith, ser ela.

Tarefa que se mostrou extremamente complicada pois, a verdade era que aquela mulher tinha conhecimentos avançados em ciências, economia e falava quatro idiomas. 

Todos os dias lia os jornais, esperando alguma notícia de Jonathan, mas nada descobriu, o que a fez pensar que ele já estaria morto de fato.

Um dia, sem aviso, recebeu uma visita de sua irmã. Meredith estava acompanhada de uma outra mulher com uma pequena mala que foi posta sobre a mesa. Caroline sequer teve tempo de questionar nada, foi posta numa cadeira, rosto coberto por uma máscara cirúrgica, e logo, seus longos cabelos ruivos estavam sendo cortados num channel.

Ela já sabia que isso aconteceria, mas não conseguiu impedir os olhos de marejar, amava seus cabelos longos em cachos revoltos.

Pouco depois que a cabeleireira foi embora, duas grandes sacolas foram colocadas em frente à sua frente, encarou a gêmea por alguns segundos e então, as abriu, percebendo ser um longo e luxuoso vestido de seda cor de vinho, e na outra, uma caixa de sapatos.

– Come vanno gli affari?( como estão os negócios?) Meredith questionou abruptamente, olhando a outra de cima a baixo. Era um teste.

– In espansione (em expansão)... – Caroline respondeu ouvindo sua voz soar finalmente com o sotaque que tanto havia treinado.

Meredith fez uma expressão mínima de satisfação.

– Fique pronta, sairemos esta noite! A ruiva exclamou, mais para si do que para sua cópia.

– Para onde vamos? Caroline questionou ansiosa.

– Conhecerá seu noivo hoje! Meredith respondeu em tom neutro.

E teria ido embora sem dizer mais nada se a gêmea não tivesse segurado na ponta de seu paletó. Virou-se, encarando-a como se fosse uma barata, mas por algum motivo – que não demonstrou –, esperando pelo que tinha a dizer.

– Pode pelo menos me dizer quem é? Caroline pediu baixinho.

Meredith a observou por alguns segundos, então soltou um suspiro como se pensasse que aquilo era irrelevante. Porém, puxou seu celular, procurou por algo durante alguns segundos e então, mostrou para a outra mulher.

Ao ver a foto do tal noivo, Caroline arregalou os olhos surpresa, não podia acreditar em quem era aquele homem. Quando Meredith disse que o noivo estava doente e logo morreria, Caroline havia imaginado um velho decadente.

Não, Viktor Yakovich.

Capítulos gratis disponibles en la App >

Capítulos relacionados

Último capítulo