Narrado por Rei
Eu não sou homem de dar satisfações. Mas tem uma coisa que me intriga: Mariana. Desde aquela primeira vez que a vi no hospital, com a mão suja de sangue e o olhar limpo, eu soube que ela seria problema. Só não imaginava que eu ia gostar tanto desse tipo de problema.
Hoje, acordei com um pensamento fixo: provocar. Não com bala, com grito ou com ameaça. Provocar de outro jeito. Queria ver ela aqui, na minha casa. Queria ver ela em um ambiente que fosse meu — e só meu.
Então mandei um recado.
"Preciso de atendimento urgente. É sobre o Rei."
Simples. Rápido. Sabia que ela viria.
Sentei na varanda, camisa aberta no peito, corrente balançando, o corpo esticado na poltrona de couro surrado. Os moleques lá embaixo abriram passagem assim que o carro dela subiu. Me dei o prazer de observar a movimentação do morro da Rocinha com a tranquilidade de quem reina. E naquele momento, eu era o próprio rei esperando sua visitante.
A porta da sala se abriu com um estalo firme. Ela entrou.