A sala estava mergulhada em uma penumbra suave. O relógio marcava pouco depois das dez da noite, e o cansaço parecia pesar sobre cada um deles. Abigail, encolhida no sofá, havia finalmente adormecido. O rosto sereno contrastava com a turbulência que havia dominado o dia. Seu peito subia e descia lentamente, os cabelos caíam em desalinho sobre o rosto, e por um instante, o ambiente pareceu respirar alívio.
Luiza ajeitou uma manta sobre ela, com a delicadeza de quem protegia algo precioso. Marcos e Sérgio a observavam em silêncio. O advogado, embora exausto, parecia enfim encontrar paz ao ver a filha descansar. Sérgio, por outro lado, mesmo imóvel, parecia prestes a explodir a qualquer momento. A raiva que mantinha engolida queimava sob a pele, pronta para se libertar.
Matheus, que até então permanecera próximo, levantou-se devagar. Havia no olhar dele a percepção de que aquele lar precisava de quietude. Aproximou-se de Sérgio, colocou uma mão firme sobre seu ombro e sussurrou.
— Você p