As lágrimas escorriam pelo rosto de Abigail. Ela não disse nada. Apenas baixou os olhos, concentrando-se no gesto simples de calçar os sapatos, como se aquele movimento fosse a única forma de manter o controle. Os dedos tremiam, dificultando o laço, e por um instante ela respirou fundo, tentando conter o soluço que ameaçava escapar. Em seguida, se levantou, evitando a todo custo olhar para Sérgio.
Miguel, numa tentativa de suavizar o peso do momento, tocou de leve o braço dela.
— Abigail… — murmurou, como um consolo.
Mas o gesto foi a faísca que incendiou sua dor. Ela se virou para Sérgio, a voz embargada, mas firme, carregada de tudo o que havia guardado por meses.
— Ao contrário do que você pensa, eu não fugi por medo. Nunca tive dúvidas de que você faria de tudo pra me proteger. Sempre soube disso.
Os olhos de Sérgio se arregalaram, surpresos, mas ela continuou, a voz quebrando em soluços.
— Eu fugi para proteger você. Porque não era justo que cometesse alguma loucura por minha cau