Aurora estava sentada no banco de trás, observando as gotas de chuva do tamanho de grãos de feijão batendo no carro, formando linhas contínuas que atingiam a frente do veículo com um som ensurdecedor. Isadora foi a primeira a sair do carro.
- Essas chuvas de outono estão tão irritantes este ano.
Ela calçava sapatos de pele de carneiro macios recém-comprados por João, que praticamente se arruinavam ao tocar a água. Seu humor estava terrivelmente azedo naquele momento.
- Sim, é verdade. - Aurora, por outro lado, sorria o tempo todo.
Mas seu sorriso não tinha um pingo de sol, era sombrio e carregava uma malícia brilhante. Ela levantou a cabeça para olhar o túmulo amarelo brilhante não muito distante.
- Até o céu está do meu lado.
Ela refletia sobre como, em suas más ações anteriores, a chuva sempre ajudava a lavar as evidências. E o túmulo dessas duas crianças era amarelo brilhante, tão visível no cemitério que ela não precisava se esforçar para encontrar. Quanto mais João convivia com Au