Narrado por Antonella Bellini
A madrugada ainda morava no céu quando deixei a casa.
Minhas pernas se moviam sozinhas, como se o corpo soubesse antes de mim onde precisava estar. A inquietação era um bicho preso sob a pele. Eu precisava respirar. Precisava... sentir.
A areia estava fria sob os pés descalços. A brisa do mar, cortante. O mundo dormia — menos eu. Menos o desejo que me roía por dentro.
E então ele surgiu.
Do mar.
Como um animal noturno.
A água escorria por seu corpo nu, marcado por músculos tensos, tatuagens e pecado. Os cabelos molhados grudados à testa. As gotas escorriam lentamente por sua clavícula até desaparecerem no ventre.
Meu ventre aqueceu junto.
Ele me viu. Parou. E me esperou.
Caminhei até ele como quem caminha para o abismo.
Lenta, faminta, sem medo.
A distância entre nós evaporou num segundo. E, quando cheguei perto o suficiente para sentir o cheiro salgado da pele dele, o mundo desapareceu.
As mãos vieram com violência contida. Uma possessividade sem per