Quando ela disse que ia embora, foi quase um baque.
— Eu vou indo.Assenti. Não confiei na voz pra falar.Acompanhei até a porta em silêncio, parando só pra dizer:— Se cuida.— Você também.Fiquei parada no hall, ouvindo o som da porta se fechar. E pela primeira vez desde que cheguei naquela casa, desejei que ela tivesse ficado.Deitei de lado na cama, abracei o travesseiro e fechei os olhos.Mas o sono, óbvio, não veio. Fiquei virando de um lado pro outro, a cabeça uma merda de rolo compressor, repetindo cada detalhe da noite anterior. O joelho dela encostando no meu, o som daquela música que eu mesma pus só pra ter uma desculpa pra ficar em silêncio, o quase-beijo que não rolou mas queimava do mesmo jeito."Fica mais um pouco", eu tinha falado.E ela ficou.Agora, sozinha, eu me perguntava o que diabos aquilo significava.Se significava alguma coisa.No escuro, parecia que cada pergun