Capítulo 04

♡Caio Silva Rocha♡

No final da tarde, nós decidimos fazer um churrasco e estávamos na área de lazer, conversando e planejando nossos próximos movimentos. Eu, era o responsável pela churrasqueira. Patrick se reclinava na espreguiçadeira, observando cada movimento meu, enquanto Luan, treinava alguns movimentos de luta.

Reparei que Patrick estava muito distraído, olhando fixamente para algo além da cerca, chamei sua atenção.

— Ei, Patrick… Tá olhando o quê?

Segui a direção do olhar dele e, por um instante, senti o coração acelerar.

— Pra lá… — ele falou baixinho. — A coelhinha apareceu na janela e sorriu pra mim. Toda tímida… Isso me deixa… excitado pra caralho.

O Luan parou com as flexões e soltou uma risada.

— Ela é uma delícia mesmo quando fica corada. Mas lembra do combinado, irmão. Temos que nos controlar perto dela. O objetivo é atrair, não assustar.

Patrick, com aquele jeito dele de sempre apimentar as coisas, entrou na conversa.

— Falando nisso, quando ela for com a gente para a cabana, quanto tempo a gente fica? Precisamos de um plano sólido.

— O tempo que ela quiser — respondi.

Luan suspirou, voltando aos exercícios.

— Fico pensando como vai ser a nossa convivência com ela. Será que vai dar certo?

— Vai ser estressante — falei, seco.

Patrick perguntou, intrigado.

— Por que acha isso?

— Porque ela não vai gostar, pelo menos não de primeira, das coisas que a gente quer fazer com ela. A educação que ela teve… é uma barreira.

— Mas com o tempo — ele rebateu, confiante — ela pode se acostumar. Quem sabe até comece a gostar. É uma questão de mostrar um mundo novo pra ela.

Soltei uma risada baixa, quase sem som.

— Uma santinha como ela? Duvido! Foi criada numa redoma.

— Exatamente! — Patrick completou. — Ela foi criada assim, mas não conhece o mundo real. Não sabe das sensações, do prazer profundo, dos desejos mais primitivos. Ela não faz ideia do que pode gostar porque nunca experimentou. Nós… vamos mostrar pra essa santinha o prazer que ela está perdendo.

Luan balançou a cabeça, com um sorriso brincalhão.

— Sabe que a gente vai pro inferno por isso, né?

— Eu vou pra qualquer lugar — declarei, sério — se ela estiver com a gente. Ela é nossa. Ponto final.

Foi aí que o portão da casa da frente se abriu. Patrick, Luan e eu nos viramos ao mesmo tempo, como se fosse um instinto único. Era a Bruna, saindo com a cachorrinha Lulu. O cheiro do churrasco chegou até ela, e a Lulu, puxada pelo faro, veio direto pro nosso portão aberto.

— Lulu, não! Volta aqui! — a voz dela era um misto de susto e repreensão, mas a cadela já tinha invadido o nosso jardim.

Bruna correu atrás, entrando no nosso território. Ela pegou a Lulu no colo e nos encarou. Não era um olhar de agradecimento, mas de acusação.

— Eu sei que foram vocês — disse, firme.

Tomei a frente, me aproximei com um sorriso que era ao mesmo tempo convite e provocação.

— Oi, coelhinha. Em que a gente pode te ajudar? A Lulu parece que curtiu o nosso churrasco.

— Por favor, parem! — ela implorou, ignorando a brincadeira.

Patrick se aproximou, mais neutro.

— Não sabemos do que você está falando, coelhinha.

— Por favor, não mintam! — a voz dela falhou. — A caixa. Eu sei que foram vocês. Por que fizeram isso? Meu tio ficou furioso, me encheu de perguntas…

Trocamos um olhar significativo.

— Melhor a gente entrar e conversar direito. Aqui na rua todo mundo pode ver e ouvir.

Luan abriu um sorriso tranquilo.

— Tá tudo bem, Bruna. Pode ficar sossegada. A gente não morde.

— Meu tio… ele disse que não posso… — ela hesitou.

Patrick se inclinou, suave.

— Mas ele não está aqui, coelhinha. Nós estamos.

Abri a porta de casa.

— Entra, coelhinha. Não vai rolar nada. Tá com medo? — provoquei, com um brilho malicioso no olhar. — Achei que você fosse corajosa, e não uma coelhinha medrosa.

A frase pegou.

— Tá bom! — ela bufou, entrando com a Lulu no colo. Patrick foi o último a entrar e trancou a porta. Bruna parou, deu uma olhada na sala ampla, admirando por uns segundos antes de encarar a gente.

Patrick se apoiou na parede, cruzando os braços.

— E então, coelhinha, o que te trouxe aqui?

— Foram vocês, não foram? Admitam.

— Sim, coelhinha — Luan respondeu sem hesitar. — Nós te demos a pulseira com as iniciais.

— Por quê?

— Coelhinha — me aproximei com calma. — É normal ganhar presentes de admiradores. A gente quis te dar algo bonito, que combinasse com você. É seu aniversário de 18 anos, você merece um pouco de beleza.

— Não, eu não posso aceitar. Vou devolver, não posso contrariar meu tio.

Patrick deu mais um passo, com a voz baixa e hipnótica.

— Mas você não acha que já contrariou ele só de vir até aqui, numa casa com três homens solteiros? Não acha que só de nos observar escondida, da sua janela, de noite, já contrariou?

Ela ficou pálida.

— Não… não sei do que estão falando. Eu nunca espiei vocês.

Patrick chegou perto o bastante para sussurrar no ouvido dela.

— Não? Então por que está apertando as coxas assim? E seus lábios… estão secos. Tá nervosa, coelhinha?

— É que… está um dia quente — ela desviou o olhar.

— Realmente tá calor — concordei, fechando o cerco pelo outro lado. — Mas não é o calor do tempo, é o calor que você tá sentindo agora. Aquele que sobe pela sua pele só de nos ver. Só de estar aqui, sozinha com a gente.

Luan tocou de leve nos ombros dela, as mãos grandes acariciando a pele. Ela estremeceu e recuou, tentando se recompor.

— Parem com isso! Me deixem em paz, por favor. Eu vou embora.

— Olha só — Luan falou com o sorriso sarcástico dele — acho que a nossa coelhinha tá excitada e nem sabe direito o que é isso.

Bruna olhou pra gente, genuinamente confusa.

— O quê? Como assim excitada?

Trocamos um olhar entre nós, entre incredulidade e fascínio. Ela podia ser mesmo tão inocente a ponto de não saber o que era estar excitada?

Tomei a frente de novo, com a voz mais suave, quase paternal.

— Calma, coelhinha. Acho que o que meu irmão quis dizer, de um jeito meio sem noção, é que você tá… ansiosa! Nervosa! É tanta coisa nova de uma vez. Por que não senta um pouco? Relaxa.

— Não, eu não posso — ela insistiu, mas com menos convicção. Acho melhor eu ir. Com licença!

Ela se virou para sair, mas Luan e eu nos movemos rápido, bloqueando a passagem com nossa parede de músculos. Ela recuou e esbarrou no Patrick, que estava logo atrás.

Ele segurou ela com jeito, mas firme. Dava pra sentir o calor dele, o perfume, a força contida. Ele se inclinou e sussurrou, com a voz grave que parecia ecoar nela:

— Por que você não admite, nem que seja só pra você, que sente algo pela gente, coelhinha? Por que não admite que toda essa confusão só existe porque você gostou de ganhar a pulseira com as nossas iniciais?

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