Capítulo 03

♡Patrick Silva Rocha♡

A vida é uma questão de estratégia. De controle. Tudo pode ser conquistado se você souber lidar com as pessoas certas e tiver os recursos certos. E nós, os Silva Rocha, sempre tivemos ambos. Filhos do empresário Geraldo Silva Rocha, o homem mais importante da cidade, herdamos não apenas o nome, mas também o império que ele construiu com mãos firmes e mente fria. Quando ele partiu dessa pra melhor, deixou para nós uma fortuna que poucos ousariam sonhar em alcançar, e a responsabilidade de manter o legado que carrega o nosso sobrenome.

Algumas semanas atrás, estávamos os três eu, Patrick, o mais velho; Luan, o do meio; e o caçula, Caio falando sobre Bruna Marques. Ela era um troféu, uma peça fundamental no nosso jogo de poder na cidade. Decidimos que ela seria nossa, mas a dúvida era em que ordem. Então fizemos um sorteio. E, como o destino costuma sorrir para quem sabe comandar, eu fui o escolhido. O primeiro.

Para garantir que tudo saísse como planejado, recorri a um dos nossos ativos mais valiosos: minha ex-madrasta, Paula Lisboa. Mulher vaidosa, beata e generosa com as causas da igreja. Um telefonema bastou. Disse que estava apaixonado por Bruna e que sonhava em me casar com ela, dentro dos “sagrados” laços do matrimônio. Claro, omiti a parte dos meus irmãos. Paula, feliz por achar que estava fazendo uma boa ação, correu até o pastor João.

Dinheiro move o mundo. E move ainda mais os chamados homens de fé. Após uma doação generosa para os cofres da igreja, o pastor João se tornou o nosso melhor aliado. Foi ele mesmo quem procurou os Lacerda para falar do “filho devoto” que seria o marido perfeito para Bruna. A armadilha estava armada.

Era hoje, o dia que marcaria o início de tudo que decidimos entre nós: o aniversário de dezoito anos da nossa coelhinha Bruna Marques. Chamá-la assim sempre teve um gosto especial. Bruna tinha a doçura ingênua de quem aprendeu a obedecer. Essa ingenuidade nos fazia acreditar que o mundo seria nosso com pouco esforço.

Observávamos a casa dela de longe, como sempre. A janela do quarto dava para o quintal da frente. Bastava paciência para enxergar como a vida dos outros se tornava transparente. Víamos o movimento da família, as pequenas rotinas… e também o medo disfarçado de obediência. Coisas assim facilitam o trabalho dos que se acham merecedores.

Naquela manhã, sentados à mesa do café, eu disse o que precisava ser dito.

— Está tudo pronto — anunciei, tranquilo. — Paula fez a parte dela, o pastor também. Agora é a nossa vez.

Caio, o impaciente, bateu a xícara na mesa.

— Então por que esperar mais? Já devíamos ter feito isso ontem. Essa menina não vai fugir pra sempre.

Luan, mais contido, cruzou os braços.

— Você sempre quer correr, Caio. Mas não é assim que se ganha. Cada passo precisa ser calculado. Se errarmos, acabou.

Segurei o riso, deixando o silêncio pesar um pouco antes de responder.

— Ele tem razão, Luan. Mas entendo o Caio também. O tempo aperta. Bruna não pode suspeitar de nada.

Caio se inclinou para frente, o olhar aceso de impaciência.

— Então vamos resolver logo. Você é quem falou com a Paula, Patrick. O que mais falta?

— Só os últimos detalhes — expliquei. — A carta anônima, o presente… pequenas iscas pra chamar a atenção dela. Se Bruna acreditar que existe um pretendente sério, tudo parece natural.

Luan arqueou a sobrancelha.

— Um cavalo de Troia.

— Exato. — sorri. — Ela verá um homem bom… mas ele serve a outra agenda.

Caio riu, curto e debochado.

— Agenda? Chama do que quiser. Eu só quero ver até onde essa santinha vai resistir.

Luan ficou em silêncio por um instante, girando a colher dentro da xícara como se calculasse o próximo passo. Depois murmurou:

— Não é só sobre ela, é? É sobre nós. Sobre termos ela, sobre estamos no controle de tudo.

Assenti devagar.

— Bruna representa o que sempre nos foi negado. Não é só o corpo dela. Ela é o nosso destino.

Caio ergueu a sobrancelha, malicioso.

— E vai ser um prazer dobrado. Porque não tem nada mais excitante do que ter uma menina dessas, com toda pureza e reza, cedendo.

Ri baixo.

— Ceder, não. Ser conduzida. Há uma diferença.

Luan completou, frio:

— No fim, não vai importar. Ela será nossa, de qualquer forma.

A tensão entre nós parecia viva. Eu olhei para eles, satisfeito, e deixei o silêncio se alongar antes de dizer:

— Mas nunca esqueçam… eu serei o primeiro a tê-la nos braços, o primeiro homem entrar no meio das pernas dela. Nenhum de vocês vai ter a honra de ser o primeiro a foder aquela bucet4 virgem.

Caio fez uma careta.

— Até quando vai se gabar disso?

— Deixe de ser invejoso. — sorri. — O sorteio foi justo. A sorte escolheu. Eu serei o primeiro a sentir o gosto da coelhinha, a ouvir a respiração dela falhar quando a fizer gemer.

Luan respirou fundo, resignado.

— Pode se gabar, seu desgraçado. Você ganhou o troféu.

— Não precisa de ignorância, irmão. — rebati, com calma.

Ele ainda parecia hesitar, mas os olhos denunciavam o mesmo desejo doentio que pulsava em todos nós.

— Só espero que você não estrague tudo com esse orgulho.

— Orgulho? — balancei a cabeça. — Isso é conquista.

O silêncio voltou, denso. Cada um afundado nas próprias imagens da nossa coelhinha. Eu podia quase vê-la: delicada, assustada, minha. Aquele cabelo mel cheirando a flores, a cintura fina que minhas mãos poderiam cercar com facilidade, o suspiro surpreso que ela soltaria quando eu me aproximasse. Detalhes que me atormentavam há anos.

Caio quebrou o clima com uma piada obscena. Luan soltou uma risada seca. Eu também ri, e por dentro, sentia o frio da expectativa. Não medo, nunca medo, mas aquela vibração que antecede o movimento da engrenagem.

Porque hoje, finalmente, o jogo começaria.

E Bruna Marques não fazia ideia de que já era parte dele.

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