A reunião parecia durar mais do que o necessário. O diretor de aquisições explicava que as negociações não tinham dado certo e, no meio de toda aquela discussão, eu pensava em Sofia. Ainda podia sentir o olhar dela sobre mim, praticamente me secando, quando foi até a porta do meu quarto e me encontrou quase abaixando as calças.

Eu sabia o quão errado era pensar assim na babá dos meus filhos — uma mulher quinze anos mais nova —, mas cada vez que tentava esquecê-la, o olhar dela voltava para assombrar minha memória e até meus sonhos. Desde aquele dia ela não me olhava nos olhos, talvez com vergonha.

As crianças tinham voltado para casa, e Lúcia não deixou que eu fosse buscá‑las. Márcia e o advogado foram sozinhos. Eles mal tinham chegando em casa quando precisei viajar para Miami para tratar da aquisição de uma nova marca e, mais uma vez, não estava presente para meus filhos. E, para piorar, não conseguia tirar Sofia da cabeça, não conseguia parar de imaginar o que ela poderia estar pe