Enrico
O silêncio se espalhou pela casa depois que ela subiu as escadas. Por um instante, fiquei ali, imóvel, com os olhos fixos no nada, como se o eco daquela revelação ainda reverberasse entre as paredes de pedra e madeira antiga. A respiração doía. Não pelo susto. Mas porque alguma parte de mim... estava aliviada.
Giulia.
Grávida.
Grávida de mim.
Soltei o ar pela boca, fechei os olhos e deixei o peso do momento se acomodar sobre meus ombros. Eu deveria estar com raiva, confuso, preocupado. Mas, em vez disso, senti algo inesperado florescendo no peito: um senso de propósito que há muito tempo eu não sentia. Algo quase... bom.
Me dirigi ao bar, servi uma dose generosa de uísque e encarei o reflexo distorcido no cristal da garrafa. O gosto queimou ao descer, e a imagem dela me veio à mente com uma força implacável: os olhos marejados, as mãos tremendo levemente, e aquela coragem absurda de me encarar mesmo com medo. Giulia era feita de aço disfarçado de doçura. Ela não queria meu dinh