Edward Knoefel
A imagem no monitor do circuito de segurança era implacavelmente clara: eu estava bem atrás de Hunter, conseguia ver cada pessoa que entrava no corredor que dava acesso ao subsolo onde ficava a última morgue. O ar cheirava a limpeza e aços frios; as lâmpadas fluorescentes estouravam na visão, projetando sombras cortantes no piso. Tudo parecia clínico e absurdo ao mesmo tempo.
Ela entrou.
O frouxo estava desacordado eu o tinha perfurado quatro vezes; jazia letárgico, sem reação. Pensei, com uma mistura de escárnio e previsibilidade, que seria engraçado, quando ela chegasse, dar um balde de água na cara dele; queria que ele me visse com ela, que entendesse que nada mais lhe pertencia. Tirei a arma que escondia na parte de trás da calça, saí da morgue e apontei para Maitê, que vinha no fim do corredor com passos rápidos.
Ela veio apressada, sem demonstrar medo diante da arma apontada. A primeira pergunta que fez foi direta:
— Cadê o Hunter?
Sorri, um sorriso que não chega