Capítulo 05

Lucretia foi ajudada a se levantar por uma ômega, que tinha uma toalha em mãos e a cobriu mais. Assim, ela não se sentiu tão mal ao sair daquela sala, dando as costas para aqueles machos. 

Por um momento, Lucretia pensou que talvez as coisas poderiam não ser tão ruins. Se ela ao menos conseguisse falar com Rhys, ela talvez pudesse convencê-lo de que ela não era uma  ameaça! E que ele definitivamente não precisava puni-la. Ela nem mesmo queria ficar no bando dela, ela estava apenas de passagem! 

Enquanto andava, Lucretia percebeu que a packhouse deles era imensa. Ela virava e virava em corredores, até chegar a um salão mais amplo e lá havia uma escadaria que se bifurcava no topo. 

“Pelo menos esse bruto tem bom gosto”, ela disse a si mesma. O candelabro no meio do grande salão era proporcional ao tamanho do ambiente e, Lucretia apostaria, era feito de cristal. “E também gosta de ostentar!”

[“Talvez já estivesse aqui quando ele nasceu. A mãe dele está viva ainda, não?”]

Pelo que Lucretia sabia, sim, Kaya Jarsdel estava viva, ainda. Ela não foi morta no ataque. 

— Senhorita, por favor, por aqui. — A ômega que havia lhe entregado a toalha disse, suavemente. 

— Pra que essa delicadeza? Não vê que ela não é uma convidada? — a outra, que se manteve calada até o momento, finalmente falou, revirando os olhos. — Ela não passa de uma escrava. Está até mesmo abaixo de nós! 

Lucretia não gostou do que ouviu. 

— Eu não sou escrava. — Ela negou. — O Alfa vai conversar comigo e vamos resolver esse… mau-entendido. 

A segunda ômega soltou uma risada da desdém e olhou por sobre o ombro, para Lucretia. 

— Vocês mataram o nosso Alfa. Causaram a morte de muitos membros desse bando, incluindo o meu irmão mais velho. — O semblante dela mudou na mesma hora. — O Alfa é digno e leal. Ele não deixaria que alguém como você saísse ilesa! Agora anda logo! 

Ela estalou os dedos e acelerou o passo. Lucretia queria retrucar, porém, achou mais inteligente ficar calada. Não a ajudaria em nada arranjar uma confusão com um membro do bando. Até então, a única transgressão dela foi pisar no território sem permissão, nada mais. Ela não machucou ninguém — pelo contrário — e era melhor que as coisas continuassem assim, se ela tinha qualquer intenção de sair viva daquele bando! 

Ao chegarem a um quarto, Lucretia percebeu que era minimalista, mas não era um quarto realmente simples. A mobília era bonita, escura, e as roupas de cama ela nem mesmo precisava tocar para saber que tinham qualidade. 

— O banheiro fica ali. Você tem meia-hora para se lavar! — a ômega desagradável disse, como se estivesse dando ordens. — Quando voltarmos com as suas roupas, vista-as e a levaremos ao quarto do Alfa! 

Lucretia apertou os dedos contra as palmas das mãos, sentindo as unhas machucando a pele, mas ofereceu um sorriso educado. A ômega a olhou com desprezo e saiu. A outra a olhou com pena, suspirou, e saiu correndo. 

Sozinha no quarto, Lucretia primeiro olhou as janelas e não havia jeito de sair. Não quando lá embaixo havia dois lobisomens fazendo guarda, bem debaixo de onde era aquele quarto. Ela amaldiçoou internamente e olhou para o banheiro. 

O estado de Lucretia não era o melhor, então, um banho não seria nada mal. Uma vez que a água quente tocou em sua pele, ela sorriu e queria ficar ali por mais tempo, mas lembrou-se do que a ômega tinha dito: meia-hora. 

Assim que saiu, enrolada em uma toalha, enquanto com outra secava os cabelos, Lucretia viu o que parecia ser um conjunto de roupas e uma bota de cano longo. Ela levou um susto, afinal, aquele calçado não era muito comum, ainda mais acima dos joelhos! 

Ao se aproximar da cama, Lucretia deixou a toalha em suas mãos cair. O que era aquilo?! Ela pegou o primeiro pedaço de pano — literalmente, um pedaço. Ela não conseguia aceitar que aquilo era um top! — e abriu a boca, virando a roupa, como se aquilo fosse mudar alguma coisa. 

O próximo pedaço era similar, mas claramente uma saia. Não era nem um pouco melhor. Além de curta ao ponto de provavelmente não cobrir o importante, ainda era aberta dos lados, com cadarços cruzados. Lucretia engoliu em seco. Ela colocou as roupas de lado e foi até a porta e tentou abri-la. Trancada. Ela puxou novamente. 

— A senhorita já se trocou? — a ômega perguntou. Lucretia queria xingar, mas respirou fundo e contou até dez. 

— Eu acho que tem um problema com a roupa. — Lucretia disse e ouviu a chave sendo girada. Ela se afastou e a ômega entrou. 

— E qual é o problema? 

Lucretia andou até a cama e pegou a roupa, sacudindo-a. 

— Não posso vestir isso aqui. Não cobre nada!

A ômega cruzou os braços na frente do corpo, olhando-a com deboche. 

— Então está perfeita. Foi escolhida pelo próprio Alfa. Você não vai querer desobedecer, vai? Ou prefere ir reclamar com ele? Agora? 

Lucretia apertou os lábios, segurando todas as palavras “feias” que ela queria dizer. 

— Se quer um conselho, e veja como eu estou sendo generosa: não desafie o Alfa. Se você acha que tem qualquer chance de viver, aqui, é melhor fazer o que ele manda. — Ela apontou para a roupa. — Isso não é nada comparado ao que a sua família deve. 

A ômega virou-se para sair e parou com a mão na maçaneta.  

— Assim que colocar a roupa, bata aqui e vamos te levar até o Alfa. 

Lucretia assim o fez e, poucos minutos depois, estava puxando a saia para baixo, mas não tinha jeito: ela não cobria o que deveria! 

“Que humilhação!”

indo até a porta, ela fez o que foi mandado e, como dito, foi levada ao Alfa. O quarto dele ficava no andar de cima. Elas pararam em frente à porta dupla. A ômega bateu ali e esperou pela autorização do Alfa. 

— Anda, entra! — ela rosnou para Lucretia, que fechou os olhos e entrou. Não havia ninguém à vista, mas a porta do banheiro estava aberta e a luz ligada. Ela limpou a garganta. 

Nenhuma resposta, mas pelos pequenos sons, ela sabia que o Alfa tinha ouvido muito bem. Ele não demorou a aparecer, porém, estava vestindo apenas um roupão, e nem bem fechado este estava. Lucretia virou o rosto, constrangida. 

Enquanto Lucretia evitava olhar para ele, Rhys não fazia o mesmo. A intenção dele era, como Lucretia bem sabia, humilhar a lobisomem. Ele queria que ela se sentisse no fundo do poço, abaixo de qualquer um no bando. No entanto, ao ver o corpo dela, o dele próprio começou a reagir. Ela era, em outras palavras, fisicamente perfeita para ele: a cintura fina, com uma bela comissão de frente, os quadris mais largos, ideais para atividades que não paravam de aparecer na mente dele. E algo que Rhys nunca notou muito em fêmeas, mas Lucretia tinha os tornozelos delicados. Tudo em absoluta harmonia. 

Mesmo olhando para o lado, ele podia ver o desenho da boca dela, levemente cheia, como se fizesse um constante biquinho natural. Os cabelos estavam úmidos, penteados de maneira simples, mas davam a ela um charme impressionante. 

[“Cara, ela é gostosa!”], Embry disse, assobiando dentro da cabeça de Rhys. [“A loba dela é linda… Eu acho que tô apaixonado!”]

[“Pode tirar esse tipo de ideia dessa sua cabecinha, Embry. Ela é a nossa inimiga. Esqueceu?”]

[“Inimiga? Mas… não significa que não podemos passar um bom tempo com ela… qual é Rhys?! Olha só pra ela! E nem vem me dizer que você não gosta do que vê, porque você tá mais duro do que uma rocha!”]

Rhys o mandou se calar e o empurrou para o fundo da mente. Tudo bem, ele admitiria que ela o deixava… inquieto, mas isso não era nada! 

— O que faz parada aí? Vá preparar o meu banho! — Rhys rosnou e Lucretia assentiu de má-vontade. O pé dela ainda não tinha se recuperado dos machucados que ela adquiriu enquanto fugia. Por isso, mancava um pouco. Ela se recusava a expressar dor. Não na frente daquele lobo. 

Ela foi até o banheiro, passando por Rhys, que inspirou discretamente o perfume do corpo de Lucretia. Ela moveu o pescoço de um lado para o outro, como se afrouxasse uma gravata invisível. 

Ela se abaixou e começou a encher o restante da banheira, acertando a temperatura da água. Sem esperar, ele apareceu e tirou o roupão. Lucretia fechou os olhos, sem ver nada e suspirou aliviada. Após ouvir o corpo dele entrando na água, ela resolveu levantar e sair dali. 

O problema foi o ferimento no pé. Assim que o pé dela tocou no chão, a dor irradiou para cima e a fez perder o equilíbrio. Lucretia não teve tempo de pensar rápido, ela simplesmente caiu. A água inundou o rosto dela imediatamente. 

Uma das mãos dela segurou-se na beirada da banheira, mas a outra… algo quente, macio e duro ao mesmo tempo… Lucretia abriu os olhos e ela estava com o corpo colado ao de Rhys, e a mão dela estava no… 

— Quanto tempo mais vai ficar me tocando? — ele perguntou com a voz fria. 

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