Jorge a olhava em silêncio.
Isabela franziu levemente a testa e perguntou:
— Por que você está me olhando assim?
Ela se afastou do ombro dele.
— Você já não é mais novata... Depois de tanto tempo trabalhando como advogada, ainda não entendeu como as pessoas funcionam? Não acha que os seres humanos são os animais mais cruéis que existem?
Isabela baixou os olhos e deu um sorriso amargo.
— É verdade... Depois de tantos anos na advocacia, já vi de tudo. As relações humanas são mesmo frias e passageiras.
Alguns faziam qualquer coisa por dinheiro. Famílias se desfaziam, amizades acabavam, amores eram descartados.
E tinha aqueles que, por puro egoísmo, chegavam a matar.
Ela já deveria estar acostumada com a escuridão do coração humano.
Mas, mesmo assim, ainda se deixava levar pelo lado emocional.
Muitos de seus colegas eram frios, até quase insensíveis.
De tanto ver coisa ruim, acabaram ficando anestesiados.
Na internet costumavam dizer que o hospital e o escritório de advocacia eram os lugar