Isabela estava diante da pia da cozinha, as mãos imersas em água morna onde pratos deslizavam suavemente. Bolhas de sabão dançavam entre seus dedos quando o toque do celular rompeu a quietude. Ela enxugou as mãos no avental ainda com espumas brilhantes nos dedos antes de pegar o celular vibrante.
— Hélio? — Ela leu na tela com sobrancelha levemente arqueada.
— Isabela. — A voz do outro lado soou tensa, quase engasgada em urgência.
— O que houve? — Sua resposta foi mais suave do que pretendia. Desde que soube do abandono de Viviane, uma ponta de solidariedade teimava em colorir suas palavras.
— Você está em casa agora?
— Sim.
— E o Sandro? — Hélio hesitou, mas acabou perguntando. Ele não sabia que Isabela e Sandro haviam se divorciado. Viviane jamais lhe contaria sobre esses detalhes.
O silêncio de Isabela foi cortante como faca aquecida antes da resposta serena:
— Você o viu, não foi?
— É. — Do outro lado, um suspiro abafado ecoou. — Ele... Ele está... — As palavras de Hélio trava