Diante da postura elegante e cortês de Alícia, Isabela se sentiu um pouco desconfortável.Ela achava que estava sendo indelicada ao aparecer na casa dos outros daquele jeito. Nunca imaginou que um dia se encontraria naquela situação na casa de Jorge.No entanto, felizmente, não encontrou muitas pessoas, o que evitou o constrangimento.Embora tivesse várias reclamações sobre Jorge, Isabela sentia um grande respeito pela mãe dele.— Alícia, peço desculpas pela visita inesperada. — Isabela respondeu com educação e simplicidade.— Fico feliz com a sua visita. — Alícia disse com sorriso. — Vou pedir para a Laura preparar mais comida, fiquem à vontade.Ela se virou e foi em direção à cozinha.Jorge puxou Isabela para o andar de cima.Ele a levou até o seu quarto e disse:— Fique aqui esperando.Isabela rapidamente perguntou:— Quanto tempo você vai demorar?Ela não estava confortável naquele ambiente e não queria ficar ali por muito tempo.— Vai ser rápido. — Jorge respondeu e fechou a porta
Isabela ainda não tinha terminado de falar, quando a mão de Jorge de repente tocou sua bochecha. Aquele contato inesperado fez com que seu corpo estremecesse ligeiramente e sua garganta ficasse apertada, de modo que ela não conseguiu emitir nenhum som por um momento.A mão dele desceu lentamente, os dedos mornos deslizando por sua boca. Em seguida, o corpo alto de Jorge se inclinou, aprisionando o corpo dela. O espaço apertado estava completamente cheio de sua presença.Ele se aproximou dela, seu hálito quente perto da orelha de Isabela. Ela tentou desviar o rosto, mas ele a beijou suavemente na nuca.— Dr. Jorge, não faça isso...Quando ela virou o rosto, Jorge a beijou com precisão nos lábios. Isabela, já tendo reagido, se pressionou contra o peito forte dele.— Hmm...Os beijos dele antes eram leves, não a incomodavam. Mas daquela vez o beijo foi profundo e intenso, cheio de agressividade. Isabela não conseguia empurrar ele, por mais que tentasse. Ele parecia uma montanha inabalável
Quando Jorge virou o olhar, Isabela instintivamente escondeu as roupas molhadas atrás das costas.Ela forçou um sorriso meio sem graça.Jorge percebeu o gesto dela e deixou escapar um leve sorriso.Isabela simplesmente ignorou a expressão dele.Ela sabia que, se dissesse que queria ir embora, Jorge não se ofereceria para levar ela.Aquele lugar era longe demais do centro da cidade, e sem carro seria difícil voltar. Por isso, ela olhou para a mãe dele.— Alícia, será que seu motorista poderia me levar de volta, por favor?Alícia não esperava aquele pedido de Isabela. Ela olhou imediatamente para o filho.— Depois do almoço. — Jorge disse.Como o filho já tinha falado, Alícia, claro, não insistiria.— Não precisa ter pressa. — Disse ela, segurando a mão de Isabela e dando um tapinha carinhoso. — Não fique constrangida! Foi mesmo coincidência hoje, não tem ninguém em casa, só eu. A gente já se conhece faz tempo, vamos comer alguma coisa juntas, tá bom? Ou você não quer?Isabela abriu a bo
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q
— Sou eu, sim. — Disse Isabela, com um leve aceno de cabeça.— Este é um envio urgente para a senhora. — Respondeu o entregador, estendendo-lhe uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?Isabela pegou a prancheta, assinou rapidamente e a devolveu ao rapaz. Em troca, ele lhe passou um envelope grosso, de papel pardo, que ela recebeu com uma expressão enigmática. Assim que fechou a porta, respirou fundo e rasgou o lacre com um pouco de pressa. Ao abrir, seus olhos pousaram sobre o documento que não imaginava receber tão cedo: o acordo de divórcio assinado por Sandro.Seus olhos brilharam com uma expressão de leve surpresa e satisfação ao ver a assinatura dele ali, estampada de maneira firme. Colocou o envelope ao lado e abriu o notebook na mesa. Ao observar tudo aquilo, ela constatou que o acordo de divisão de bens havia sido aceito. Isso significava que Sandro não tinha objeções em relação aos termos que ela havia estabelecido.Com a decisão dele em mãos, Isabela começou a organizar
André também já tinha chegado na idade de aposentadoria, mas ele andava ganhando bastante visibilidade graças ao destaque que Sandro conquistou na área.— Eu fui injusta com o professor Davi... — Disse Isabela, desviando o olhar para a janela, a voz baixa e cheia de remorso.Ela pensou em como o professor Davi sempre estimou a ela e investiu nela. Ele preparou ela com todo o cuidado, talvez até mais do que a própria neta, Viviane. E, no final das contas, como foi que ela retribuiu? Deixou ele terminar a carreira de forma humilhante e injusta. E tudo por causa do seu "amor cego". Esse erro foi o que acabou manchando a honra do professor Davi.Lágrimas começaram a surgir, silenciosas e inevitáveis, preenchendo seus olhos.— Ah, Isa, não fique assim! — Disse Viviane ao perceber as lágrimas da amiga, claramente preocupada. — Meu avô e o professor André se enfrentaram a vida toda! Os dois nasceram para serem rivais. Já faz tanto tempo, não se cobre assim, tá?Para aliviar a tensão, Viviane