Isabela se aproximou de Leonardo e perguntou:— Você está bem?Leonardo olhou para Sandro, que estava encostado na parede fazia um bom tempo sem se mexer. Na hora percebeu que ele devia estar com muita dor. Um sorriso teimoso surgiu no canto da boca.— Estou tranquilo.Por dentro, ele pensou: "Seu ex-marido está bem pior que eu."— Que bom. Então, vamos — Disse Isabela.Viviane veio logo atrás:— Vamos juntos.Isabela não respondeu, o que na prática era um "sim".Fabiano também se aproximou, todo bajulador:— E eu também!Viviane cortou na hora:— Cai fora.Fabiano insistiu, com aquele jeitinho cara de pau:— Querida, não seja tão cruel assim.Viviane se colocou na frente dele e falou para Isabela:— Isa, vá primeiro.Isabela já estava de saco cheio daquelas pessoas, só deu um "ok" e saiu.Ela e Leonardo foram caminhando em direção ao carro.Como os dois tinham bebido, não restava outra opção senão chamar um motorista de aplicativo.Viviane então lançou um desafio para Fabiano, com um
Percebendo que algo não estava certo, Fabiano olhou rapidamente para Sandro pelo retrovisor, se surpreendendo ao ver a expressão desanimada dele.Sandro era sempre cheio de energia, orgulhoso e imbatível, mas naquela hora parecia que até ele estava passando por um momento difícil.Algumas coisas ele via claramente como observador, mas não podia falar sobre elas.Isabela mudou.Na opinião dele, tentar reconquistar Isabela parecia impossível.Mas dizer aquilo seria certamente magoar Sandro ainda mais.Ficar em silêncio também o deixava preocupado, pois temia que Sandro continuasse se enganando.Depois de muito pensar, Fabiano falou:— Sandro, na verdade, além da Isabela, existem muitas mulheres boas. Você não quer tentar com outra? A Clara é ótima, ela te ama tanto, viver com alguém que te ama também não seria ruim...— Desde quando você começou a se preocupar com a minha vida amorosa?Antes que Fabiano pudesse terminar de falar, Sandro o interrompeu, com um tom impaciente, sem emoção.F
Antes de ele viajar a trabalho, a Isabela já estava com o humor estranho.Naquele momento, ela não atendia as ligações dele.Além disso, já estava tão tarde e Isabela ainda estava com aquele moleque?Isabela estava prestes a tomar um banho e dormir quando a campainha tocou. Ela foi até a porta, abriu e viu Leonardo parado na entrada. Ele perguntou:— Por que você...?Ela ainda não havia terminado a frase, quando Leonardo estendeu o celular a ela e disse:— Seu celular ficou no carro.Isabela estendeu a mão e pegou o aparelho, sorrindo.— Nem tinha percebido.Leonardo não mencionou a ligação de Jorge, apenas sorriu e disse:— Durma bem, mana.Isabela acenou com a cabeça.— Você também, descanse bem.Depois que Leonardo foi embora, Isabela fechou a porta.Ela jogou o celular na cama e, com o pijama nas mãos, entrou no banheiro.Ela ligou o chuveiro e o som da água começou a ecoar.O celular na cama vibrou novamente.A vibração durou cerca de um minuto até que a chamada foi automaticament
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q
— Sou eu, sim. — Disse Isabela, com um leve aceno de cabeça.— Este é um envio urgente para a senhora. — Respondeu o entregador, estendendo-lhe uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?Isabela pegou a prancheta, assinou rapidamente e a devolveu ao rapaz. Em troca, ele lhe passou um envelope grosso, de papel pardo, que ela recebeu com uma expressão enigmática. Assim que fechou a porta, respirou fundo e rasgou o lacre com um pouco de pressa. Ao abrir, seus olhos pousaram sobre o documento que não imaginava receber tão cedo: o acordo de divórcio assinado por Sandro.Seus olhos brilharam com uma expressão de leve surpresa e satisfação ao ver a assinatura dele ali, estampada de maneira firme. Colocou o envelope ao lado e abriu o notebook na mesa. Ao observar tudo aquilo, ela constatou que o acordo de divisão de bens havia sido aceito. Isso significava que Sandro não tinha objeções em relação aos termos que ela havia estabelecido.Com a decisão dele em mãos, Isabela começou a organizar
André também já tinha chegado na idade de aposentadoria, mas ele andava ganhando bastante visibilidade graças ao destaque que Sandro conquistou na área.— Eu fui injusta com o professor Davi... — Disse Isabela, desviando o olhar para a janela, a voz baixa e cheia de remorso.Ela pensou em como o professor Davi sempre estimou a ela e investiu nela. Ele preparou ela com todo o cuidado, talvez até mais do que a própria neta, Viviane. E, no final das contas, como foi que ela retribuiu? Deixou ele terminar a carreira de forma humilhante e injusta. E tudo por causa do seu "amor cego". Esse erro foi o que acabou manchando a honra do professor Davi.Lágrimas começaram a surgir, silenciosas e inevitáveis, preenchendo seus olhos.— Ah, Isa, não fique assim! — Disse Viviane ao perceber as lágrimas da amiga, claramente preocupada. — Meu avô e o professor André se enfrentaram a vida toda! Os dois nasceram para serem rivais. Já faz tanto tempo, não se cobre assim, tá?Para aliviar a tensão, Viviane