No caminho para cá estive pensando...
Deus! Quero mudar isso. Preciso mudar isso. Mas é tarde demais? Não consigo dizer nada. Tenho medo. O medo de que tudo o que construí possa desmoronar. O medo do desconhecido que se abate sobre mim quando olho para Ozan, quando vejo sua reação.
Nessa hora, escuto o motor parar e a embarcação deslizar nas águas. O som familiar das ondas me traz um breve alívio, mas ele não dura. Ozan olha para mim, e diante do meu silêncio, seu rosto se fecha. Um músculo de seu maxilar pulsa, e eu percebo o quanto ele está lutando contra a tempestade que se formou dentro dele.
— Você tem razão. Desculpe-me, eu perdi a cabeça. Você é uma ótima funcionária e eu sou a porra do seu chefe e não quero arruinar isso. — As palavras dele são duras e, ao mesmo tempo, soam como uma despedida. Uma desculpa amarga que me fere mais do que eu esperava. Eu fico imóvel, sem saber o que responder, como se todas as palavras tivessem se perdido dentro de mim.
— Ozan... — tento dizer, mas a palavra morre na minha garganta.