CAPÍTULO 1

30 ANOS DEPOIS

— Hahaha! ai, pare Henri, você não tem jeito.

— Sofie, estou indo embora, deixe-me despedir de você.

—Hahaha, Você é tão lindo….Oh que saudades!

Emma passava com a carroça gritando pelo filho.

Henri a ouviu.

— Até breve Sofie.

O jovem surgiu sacudindo a roupa para tirar as folhagens.

— Henri, não vá.

O jovem loiro de olhos Azuis, tórax forte e braços forte, se pendurou na carroça e a mãe olhou-o para ver de onde vinha. A jovem distante agora acenava.

— Já estou com saudades da minha aldeia.

Henri se esticou atrás da carroça.

— Quando voltaremos mãe?

Henri tinha o sorriso mais encantador que um jovem podia ter, quem conhecia seu pai, que já havia falecido, sabia que era idêntico a ele.

A mãe olhou para o filho.

— Quando voltarmos espero que escolha uma esposa para me ajudar em casa.

— Não vou casar, nem pensar! Quero viver muitas aventuras.

— Um dia você vai olhar para uma bela jovem e vai amá-la para o resto da sua vida.

Então sorriu e ergueu-se para se despedir das pessoas que lhes acenavam. Por onde a carroça passava as pessoas iam acenando para eles. A vila era muito animada e Henri era um jovem muito querido.

Há alguns dias eles chegaram à aldeia Cristal, mas Emma não ficou feliz. O lugar estava destruído. Não parecia a aldeia animada e bela que conhecia. Sua tia havia pedido a sua mãe para levá-la, pois não tinha filhos e foi por isso que passou muito tempo sem ver seu único irmão. Havia tristeza no olhar das pessoas. Henri ficou em pé observando que havia muita destruição e miséria. O Reino de Tabatas era conhecido por riqueza, o que estava acontecendo naquele lugar?

Jovens conversavam e quando Henri as cumprimentou todas desmaiaram. Senhoras ficavam coradas com cumprimento dele. Ele assumiu o comando da carroça quando sua mãe começou a chorar. As crianças mal vestidas corriam de um lado para outro brincando pararam para acenar para eles.

Homens desconfiados fechavam as portas e outros fugiam da carroça.

— Há algo de errado aqui – Disse Henri à mãe.

Assim que pararam na frente da casa observaram que era única que parecia estar em melhores condições. Emma bateu à porta, que se abriu em segundos.

— O que quer?  Falou um jovem.

— Sou Emma, irmã de Joaquim. Ele está?

O jovem olhou para Henri.

— Entra senhora. Ele anda meio doente.

Emma quando viu o irmão sentando na cama, correu para abraçá-lo. Ele demorou a reconhecer, mas passou um bom tempo abraçando-a depois.

— Esse é meu filho Henri.

— Olá meu tio.

— Mas que rapaz mais bem-apessoado. É bonito!

Do quarto vieram mais nove jovens, entre eles três meninas que vieram até Henri e o abraçaram ao saber que eram primos.

— Ha! Ha! Esse é Henri – Falou o tio gargalhando.

As meninas fizeram uma festa. Os meninos nada disseram.

— Trouxemos algumas guloseimas de Fridas, onde morávamos.

— Veio morar comigo? – Perguntou Joaquim.

— Não, viemos visitar. Teremos que voltar, Henri entrará para guarda real do rei Brendam.

— Vejo que é forte – Falou com orgulho o tio.

Henri já estava acostumado com meninas o apertando, acariciando e se oferecendo. O rapaz as achou formosas, eram loiras como ele, apesar de o tio não ser, deviam ter puxado a mãe.

— Onde está Amélia? – Perguntou Emma.

— Ela morreu há dois anos.

— Lamento.

Os filhos desanimaram.

— Emma, quero pedir que leve meus filhos com você para Fridas.

Ela olhou para eles.

— Não há trabalho em Cristal para eles, o pouco que há, eles o rejeitam. Falou Joaquim.

— Por quê? Henri perguntou.

— Pelo desprezo da rainha sem coração. Estamos sendo obrigados a dar tudo de valor. Ficamos apenas com cinco porcento da parte do que conseguimos. Arcos é um estrangeiro que tem governado a aldeia.

— A rainha sem coração, quem é? – Henri Ficou curioso.

Anna. Ela se tornou a rainha sem coração. Dizem que é um monstro agora. Ela é como uma pedra.

— Ela nunca vai perdoá-lo – Disse  Emma.

— O que fez a essa rainha? – Perguntou  Henri.

— Não me casei com ela. Agora como punição, ela nos rejeita e deixa a mercê de bandidos como Arcos – Respondeu  Joaquim.

Henri cruzou os braços.

 — Não há rei em Tabatas? – Perguntou  Henri.

— Ela nunca se casou – Disse Joaquim.

— A rainha sem coração é noiva de Antunes de Fleur – Falou  o primo que se apresentou como Fabrício. — Por anos, o conselho de Cronk espera pela união deles. A rainha sem coração é a mais forte deles. Eles vivem em guerras contra os navegantes do mar e que os que vêm do leste.

— Se ao menos a rainha nos tomasse novamente para o reino dela, seriamos protegido – Falou  o que se apresentou como Mark.

— Bom, por que não se casa com a rainha sem coração tio?

Os primos e Emma olharam para Joaquim. Ele os olhou surpreso.

— O que está dizendo menino? – Falou  tímido.

— Tio, a rainha sem coração tem essa fama por sua causa. Ela o perdeu, por isso esse apelido, é o que acredito. É viúvo, porque então não se casa com ela? Deve amá-lo ainda. Seus filhos viveriam em uma corte e vocês teriam riquezas.

— Jamais poderei trair Amélia! – Gritou  Joaquim.

— Ela morreu tio e sei que gostaria que tivesse alguém para cuidar de você – Falou  Henri.

— Ela jamais voltaria para mim. Eu a tratei com frieza e desprezo. Mas, por meus filhos, eu casaria sim. Para dar a eles uma vida de príncipes – Joaquim  olhou os filhos que tanto amava.

— Meu tio, o que você espera para ser rei?

Henri sorriu e começou a cantar.

Não há nada melhor do que ser um rei

Com estalar de dedos, terá tudo que pedir

Há refeições perfeitas para apreciar

Há servos para servir

Vamos, vamos, seja rei!

Vivas emoções e aventuras

Você irá onde os reis e rainhas vivem

Poderá até mudar regras

Então seja rei

Você pode ser um grande rei

Basta querer

Não há nada melhor que rei ser

Os primos dançavam e cantavam com Henri.

O tio aplaudiu os filhos e o sobrinho e com belo sorriso, tossiu chamando atenção deles.

— Bom. Eu vou falar com Anna, se ela me quiser, me casarei por uma vida melhor para meus filhos.

— Deve se casar por amor – Falou Emma.

— Farei o que for preciso para ajudar a aldeia e meus filhos – Amélia entenderia. Henri tem razão.

— Sim, tio. Sorriu Henri. — Pense em tudo que poderá fazer.

— Henri, seu tio não a ama, essa mulher já sofreu muito. Seu tio se casará e nunca a tocará. Isso é ruim – Reclamou Emma.

— Se ela me quiser casarei e consumarei o casamento sim. Preciso de dinheiro para meus filhos.

— O amor virá com o tempo – Disse Henri.

— Henri, não é verdade. Amor é algo que você sente quando olha nos olhos de uma pessoa e depois nunca mais consegue olhar para outros da mesma maneira como olha para aquela que o fez amar.

Henri calou-se.

Henri subiu o pequeno monte e ficou sentado. Longe dali estava localizado um castelo. Havia passado por lá.  Cruzou os braços e fechou os olhos.  Ele levantou quando ouviu a voz da prima. Ele olhou para ela e sorriu. Ela era a mais bonita, mas não sentia falta disso agora.

— Oi primo, quer nadar na lagoa?

Henri pensou na bronca da mãe, pensou de novo e pegou na mão dela e correu em direção para lagoa. Ao entrar na água, ele a suspendeu pela cintura e ela abriu os braços.

Joaquim olhou para lua e tocou no túmulo da esposa.

— Amélia, sabe que te amo, mas Henri tem razão, eu preciso falar com Anna. Não sobreviveremos a mais cobranças de Arcos. Você enfrentou comigo e eles nos ajudaram. Mas agora, meu amor, eu tenho que casar com Anna pelo bem de todos – As lágrimas desceram – Ele colocou o chapéu no peito. Nunca será o mesmo que com você.

A prima ficava sorrindo para Henri e Emma já imaginava. O filho era realmente bonito como era o pai. Ela também sentia assim com pai dele. As outras primas sentiam ciúmes.

Henri levantou dizendo que procuraria algo para fazer na cidade. O tio olhou para os filhos que se espreguiçavam e que eram mais velhos que Henri e sentiu vergonha.

— Emma, soube criar melhor ele do que eu os meus.

Emma olhou para as primas olhando para Henri.

— Será? Perguntou Emma.

— Não acha? Perguntou Joaquim.

— Já está na hora de ele assumir compromisso – Reclamou Emma. — Ele é muito namorador, mas não gosta de nenhuma. Estou cansada de mulheres chorando em minha porta, por isso quero que ele case.

Joaquim sorriu e começou a levantar.

— Aonde vai Joaquim? – Perguntou Emma.

— Falarei pessoalmente com Anna – Respondeu Joaquim.

Henri sorriu.

— Isso mesmo tio, em breve será rei. Iremos todos comemorar nossa vida na corte.

— É claro Henri. Venha vamos, lhe deixo na casa do Pedro, que sei que precisa de ajuda com umas caixas.

Henri viu o tio seguindo no cavalo para estrada que dava no castelo. Henri durante conversas conquistou a atenção dos anciões da aldeia. Eles defendiam que a rainha devia defendê-los. Conversaram possibilidades. Então ele teve uma ideia: escrever para o conselho e relatar que a rainha estava sendo desleixada por deixar um estrangeiro invadir suas terras.  Os anciões da cidade ficaram admirados com Henri. Ele começou a escrever para o conselho. Demoraria dias para levar, mas o filho do ex-padeiro disse que conhecia bem a terra e que iria até lá o mais rápido possível.

Uma batida na porta fizeram os anciões tremerem.

Henri abriu a porta.

— Viemos buscar as mercadorias – Avisou o homem barbado.

Henri pegou a espada da bainha do homem e mirou na garganta.

— Parta. Volte com seus homens. De agora em diante as regras são nossas.

O homem assustou-se e afastou.

Henri foi o conduzindo com a espada na garganta até o cavalo, mas dois homens surgiram e o ameaçaram, porém com medo o homem barbudo os mandou partirem.

Ao montar no cavalo o homem ameaçou dizendo que voltaria para se vingar. Os aldeões comemoram a pequena vitória.

Joaquim respirou fundo diante dos portões do castelo.

—  Quem é você?  Perguntou o guardião no portão.

— Eu desejo falar com a Rainha Anna.

O homem gigante abaixou o olhando melhor.

— Vá embora!

Joaquim apertou o chapéu no peito. Ele se lembrou do sorriso dela quando ele chegava.

— Diga a rainha Anna que Joaquim Cortez deseja lhe falar.

O gigante andou com dificuldade indo para algum lugar que ele não sabia.

Um homem esquelético veio até o gigante guardião.

—  Joaquim Cortez. Falando e olhando para o portão.

O homem esquelético correu para dentro do castelo. 

Normam, o conselheiro estava parado na porta da biblioteca.

— Joaquim Cortez deseja falar com a rainha.

Anna fechou o livro e olhou na direção dos homens.

— Mande esse homem ir embora – Berrou ela.

O conselheiro se aproximou.

— Minha senhora, depois de todos esses anos talvez ele tenha algo a lhe falar.

Anna o encarou, seu semblante era frio.

— O que teria a me dizer? – Perguntou ela.

— Apenas o ouça senhora. Há boatos de que a aldeia passa por problemas, então provavelmente ele veio se redimir e pedir ajuda.

—Por interesse, óbvio – Disse Anna.

— Você é quem sabe majestade.

— Leve- o até salão – Ordenou  Anna.

— Sim, minha rainha.

Joaquim ao ver o portão se abrir sentiu esperança de ajudar seus amigos da aldeia. Ele caminhou devagar sendo conduzido pelo homem esquelético. Joaquim sorriu ao entrar no pátio, como era bonito o lugar. Mulheres lindas e homens bem-vestidos. Todos os olhavam sem cumprimentar.

Joaquim passou constrangido e olhou para o jardim; era tão bonito. Lembrou-se de seus beijos com Anna nele.

Ele entrou no salão e viu Anna de costas.

— O que quer me falar Joaquim depois de todos esses anos? – Disse Anna ao se virar para ele.

Os olhos de Joaquim brilharam. Anna estava bela, sim, em seus cabelos havia fios embranquecidos, mas o rosto parecia sedoso. O corpo havia mudado, o vestido elegante realçava suas curvas. O loiro se misturava a fios de cabelos brancos delicados, em coque elegante. A aparência de jovem já havia passado, mas agora era o rosto de uma bela mulher de idade.

— Anna, como está bonita!

Anna o encarou desconfiada.

Ela se lembrava de um Joaquim mais alto ou seria que ela que teria crescido? Anna caminhou até a frente dele.

Joaquim percebeu o olhar frio dela.

— Anna, estou aqui para lhe pedir em casamento novamente – Joaquim respirou fundo após falar.

— Quanta pretensão… vem aqui me pedir em casamento depois de todos esses anos. Oras, então sua Amélia se foi... Devo supor.

— Não sabia?

— Acha que perdi meus dias procurando saber de sua vida? – Ela perguntou.

— Ela já partiu – Ele entristeceu-se.

—Lamento sua perda – Disse Anna.

— Anna, você não tem filhos, eu tenho dez filhos e um sobrinho, se casar comigo, poderá escolher um deles para ser seu herdeiro.  Prometo que serei um bom marido e que a farei feliz. Nem precisa me coroar rei.

Joaquim aproximou-se dela.

 — Confesso que estou até mesmo tentado a beijá-la.

Anna começou a rir.

— Joaquim, não seja ridículo. Vá embora. Não me casarei com você jamais. Não passa de um traidor. Sei que quer meu dinheiro – Anna assoviou e entrou um guarda.

— Leve este senhor para fora do castelo.

—  Não, Anna, por favor. Eu acabo de me apaixonar por você.

Anna revirou os olhos e lhe deu as costas.

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