— Quero que entendam o que significa tocar no que é meu. Quando aceitaram o trabalho acredito que sabiam com quem estavam lidando.
O primeiro preso tremia, a cara dissolvendo em pânico. O segundo buscava respirar, ele já soluçava, a imagem do filho e da companheira pesando como pedra sobre o peito.
Felipe pegou outra foto e deixou-a cair aos pés de um dos prisioneiros. A imagem era nítida: uma jovem mulher, feições delicadas, a expressão serena de quem desconhece o inferno que a ronda. O prisioneiro caiu de joelhos, o mundo desabando em volta.
— Reconhece? — Felipe perguntou, com a calma de quem oferece uma última mercadoria antes do leilão final.
— É… é a minha companheira. — A confissão veio úmida e fraca. — Ela não sabe de nada, Alfa… Eu não queria que acontecesse.
Felipe deixou a foto no chão, sem tocar. Os olhos dele brilharam por um instante, não de ternura, mas de um desejo frio de expor a fragilidade humana. E então falou, sem misericórdia aparente:
— Então saiba