Alexei dirigia em silêncio, a mão esquerda firme no volante, enquanto a direita descansava sobre a própria perna, inquieta, como se estivesse sendo contida à força. Carla, no banco do passageiro, mantinha os braços cruzados, a postura reta, o olhar perdido pela janela.
Mas ela não estava alheia. Sentia tudo.
O silêncio entre eles não era desconfortável — era denso, cheio de coisas não ditas, cheio de vontades engolidas por orgulho, medo, ou talvez por uma racionalidade que ela mesma já começava a desconfiar.
— Tem certeza que quer voltar pra cá? — A voz de Alexei cortou o silêncio, profunda e contida.
Carla desviou os olhos da janela, encarando a porta do prédio que se aproximava. Suspirou.
— Não é uma questão de querer, Alexei. É... Necessário. — Respondeu, simples, mas com firmeza.
— Você sempre tem uma justificativa lógica pra tudo, né? — Ele comentou, com um sorriso enviesado. — Até pra deixar a gente.
Ela o olhou, finalmente, e algo em seus olhos castanhos claros o atingiu como u