● Aneliese Moore ●
— Você é uma péssima amiga. — anuncia Laila com toda a dramaticidade do mundo, sua voz ecoando pelo viva-voz e cortando o silêncio confortável do meu quarto como uma faca afiada. Enquanto imagem dela sentada em sua penteadeira se faz presente na tela do celular.
Eu encaro o teto por um instante, ponderando se desligar na cara dela seria um pecado mortal ou apenas autopreservação. O dia foi brutalmente mais intenso do que qualquer planejamento poderia prever — e agora, quase 19h aqui em Mônaco, minha melhor amiga está me ligando direto do outro lado do oceano para mais um de seus surtos dignos de novela. Em Seattle, provavelmente o sol está nascendo e os pássaros estão cantando… e eu estou com olheiras que poderiam matar alguém por susto.
Eu amo Laila. Amo mesmo. Mas a minha vontade de ouvi-la gritar sobre como eu falhei com ela é exatamente zero no momento. Tudo o que meu corpo deseja é uma cama macia e um travesseiro que aceite minhas lamentações. Só que, claro, a