Capítulo 6

Já era quase meia noite quando Marco me liga. Eu já estava deitado na cama em um dos meus apartamentos em Chicago respondendo alguns e-mails que ficaram pendentes durante o dia.

- Chefe, encontrei algo suspeito nas imagens. Estou te mandando agora por e-mail. - recebo na hora.

Abro as imagens e quase não posso acreditar no que vejo. Simplesmente, o nosso chefe da logística e mais uns 3 soldados separando alguns pacotes de cocaína e reforçando as embalagem dos pacotes que já estavam embalados, imagino que seja pra tentar compensar o peso do que foi extraviado talvez. Marco me aguarda na chamada enquanto analiso…

- Esse dando ordens é o Leonard, nosso chefe da logística do galpão. Não faz sentido… - dou uma pausa, essa porra toda não está certa…

- Por que não faz sentido, chefe?Provavelmente estão fazendo isso porque vão lucrar mais do que um salário. Esse tanto de droga que estão separando no vídeo daria fácil uma venda de por volta de uns…10 mil dólares mais ou menos, e se estão fazendo essa separação em todas as cargas… - ele nem termina sua fala. Daria pra aposentar bem cedo com a grana que Leonard levantaria com esse extravio.

- É, mas eu conheço o Leonard. Ele é apaixonado pela esposa, tem uma filha pequena, comprou uma casa simples no subúrbio não faz muito tempo…ele vem de origem simples mas, com certeza, não é um ladrãozinho de quinta…muito menos burro a ponto de me roubar embaixo do meu nariz. Ele teme pela família dele, tem muita coisa a perder… - falo em voz alta mas, na verdade, estou tentando montar as peças desse quebra cabeça.

- Talvez ele esteja sendo coagido?! - Marco fala como uma pergunta e constatação ao mesmo tempo.

- Isso…faz mais sentido pra mim. - Marco fica em silêncio do outro lado da linha. Ele sabe o que fazer.

- Tá ok, chefe. Levo ele para a sala de tortura para conversarmos…temos que descobrir quem está por trás disso.

- Sim. Mas não inicie o interrogatório antes que eu chegue aí. E tente levá-lo sem alarde! - conheço o Leonard a muitos anos, não acho que será necessário o uso de força física pra fazê-lo falar.

Desligo a ligação com Marco e ligo para Guilhermo me encontrar na sala de tortura em 40 minutos. Esse dia realmente não vai acabar…

Marco invadiu a casa de Leonard de madrugada e o desmaiou para levar ao galpão sem fazer alarde. A última coisa que precisamos é de que, quem esteja por trás disso, perceba a nossa movimentação.

Nossa sala fica a alguns quilômetros afastada da cidade, em uma fazenda de soja.

Eu e Guilhermo chegamos lá acompanhados dos nossos principais seguranças. São 10 soldados no total, cinco com cada um de nós.

A sala tem apenas uma lâmpada ruim no centro, o que deixa tudo mais macabro. Me encosto no batente da porta de ferro, cruzo os braços e as pernas e observo Leonard no centro da sala em uma cadeira de metal ainda desacordado.

Marco j**a um balde com água gelada sobre a cabeça de Leonard. Ele acorda desorientado meio que se afogando olhando desesperado para os lados tentando se localizar.

Eu ainda estou no mesmo lugar, imóvel, na sombra da sala. Aguardo ele entender o que está acontecendo.

- Não encostem nelas seus filhos da puta! - ele grita desesperado, cuspindo as palavras e vejo que sua primeira preocupação é sua familia. Esse homem é honrado, está claro pra mim que tem alguém por trás dessa merda que ele está fazendo.

- Leonard, Leonard… - finalmente me revelo na luz fraca e amarela da sala. - que porra você está fazendo me roubando?

- Don! - ele se assusta e abaixa a cabeça como em reverência. Quando ele levanta a cabeça posso ver em seus olhos o medo mas tem algum outro sentimento que não entendo muito bem qual é…alívio, talvez?

- Quem você pensou que pudesse ser, Leonard? Quem mais poderia ser já que é a mim que você está roubando? - ele fica em silêncio e falo indo devagar em direção a minha exposição de itens de tortura. - Sabe…tem algumas coisas que não estão fazendo sentido pra mim e eu queria sua ajuda pra entender melhor…que tal a gente começar pelo por quê de você estar me roubando? - pego uma faca afiada o fitando novamente. Vejo seu semblante mudar, como se encarnasse em um personagem.

- Estou cansado de trabalhar pra você praticamente 24 horas por dia, correr perigo e ganhar um mísero salário no final do mês! - resposta errada meu amigo.

Ando devagar até ele, pego uma cadeira e coloco em frente a ele. Encaro a ponta da faca e um sorriso diabólico surge nos meus lábios. Não queria, mas Leonard está mentindo e não tem nada que me irrite mais do que alguém pensar que pode me fazer de idiota.

- Ahh, Leonard…então você vai querer do jeito difícil, meu amigo? - finco a faca em sua coxa o que o faz gritar, suar e se debater na cadeira que é fixa ao chão. Observo seus esforços em vão e a poça de sangue venoso que se forma abaixo na cadeira escorrendo de sua perna furada pela faça.

- Por toda consideração que tenho por você, ouça meu conselho: se debater vai fazer você sangrar mais rápido.

Ele me olha com desespero, acho que cai em si que aqui eu não sou Matteo Denaro, seu conhecido de longa data. Essa é uma face minha que ele nunca viu ao vivo, provavelmente só ouviu falar…

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