Matteo
Jonh sobe para uma das salas VIPs onde estou em reunião com meu irmão, que também é meu subchefe, Guilhermo. Olho para ele que está com um sorriso idiota no rosto com os braços abertos. Desço um pouco o olhar porque o volume em sua calça não está nada discreto. - Porra Jonh! O que vc está fazendo aqui de pau duro, cazzo?? - aperto os olhos tentando desver aquela cena. Guilhermo dá uma risada debochada ao meu lado. - A noite nem começou, Jonh! Por um acaso tá tomando Viagra porra? - Tenho certeza que Guilhermo vai acabar se mijando de tanto rir. - Acho que encontrei a deusa mor da nossa boate, só isso! - ele dá um pausa e vai até o bar pegando três copos e distribui Whisk e gelo. - Gostosa pra caralho, e a dança…cara, muito tempo não sinto tesão por uma dançarina igual senti ali agora. - ele anda até nós e nos entrega as bebidas - Mas Paola já me cortou. Disse que a menina é nova nisso, pra eu dar um tempo pra não assusta-lá e a gente perder um talento. - ele diz tentando imitar a Paola como uma voz fina e irritante que tira mais uma gargalhada de Guilhermo. - Que dia ela vai começar a se apresentar oficialmente? Eu e o Matteo teremos que vir prestigiar esse talento então. - Guilhermo diz realmente interessado nessa informação… - Talvez eu te libere, caso essa nossa questão com a Europol seja resolvida até lá. - Guilhermo torce a cara pra mim. Ele sabe que estamos em guerra com a Europol que acabou de confiscar uma propriedade da famiglia e, essa, não é uma situação fácil de resolver. Além disso, viemos para Chicago investigando uma denúncia anônima de que o crime organizado daqui tem desviado algumas cargas de cocaína das nossas negociações com a máfia francesa. Ou seja, sem chance de distrações agora. Até porque, minha experiência como Capo me diz que qualquer pessoa pode ser usada como isca ou distração nesses momentos. Não existem regras no nosso mundo. - Tá bom irmãozinho! Mas se eu tiver tempo eu irei, com certeza, prestigiar nosso talento. Eu fico mais esperto depois de me “distrair” com uma mulher! - ele ergue uma sobrancelha com um olhar malicioso e agora é a vez de Jonh rir. - Pode ir lá tentar a sorte mas, infelizmente, ela é do tipo que não se pode tocar… - Ahh Jonh, que merda! Vá fazer seu trabalho direito, porra! Vai lá e convença a garota de que o dinheiro vale a pena! - Guilhermo arremessa uma almofada em Jonh e lhe acerta no meio da cara. - Fez tanta propaganda pra que?? Pra eu ficar só babando e chupando dedo? - Tá bom, vou ver o que eu faço … - Cazzo!! - me levanto batendo as duas mãos na mesa - Vocês estão entendendo o que estamos passando aqui?? A Europol está próxima de fuder com vários dos nossos clãs aliados lá na Europa e, aqui em Chicago estão fudendo nossa relação com nossa principal entrada de drogas da Europa, e vocês discutindo sobre uma boceta?? Peguem qualquer uma, tem várias por aí dispostas a dar por dinheiro. Mas depois! Agora, preciso do seu foco aqui Guilhermo! - Guilhermo me olha fixamente nos olhos, vejo que ele se irritou com a minha explosão. Eles se calam e Jonh sai da sala devagar nos dando privacidade. - Qual sua estratégia pra resolver essa questão da Europol? - pergunto não tirando os olhos dos seus. Continuamos a reunião focando primeiro na questão da Europol que é mais urgente. Fazemos algumas ligações para parlamentares italianos que fazem parte da famiglia e iniciamos um plano de golpe para recuperar o vilarejo. Viemos pra Chicago da forma mais sútil possível. Somente alguns dos nossos sabem da nossa chegada. Precisamos de sigilo pra chegar aos responsáveis pelos desvios nas cargas. Finalizamos as últimas videochamadas com alguns representantes do governo italiano e já vou logo recebendo uma ligação de Marco Polo, um dos seguranças que mais confio dentro da organização. Não é atoa que ele é o chefe da segurança da minha irmã aqui nos EUA enquanto ela faz faculdade de arquitetura no MIT. Pedi que ele viesse para Chicago por ser de extrema confiança mas já era para ele ter chegado a 1 hora atrás. Atendo sua ligação esperando notícias. - Espero que tenha chegado, por que a demora? - digo sem paciência. - Boa tarde chefe! Vim direto para o local da carga em missão. Peguei algumas imagens de câmera e estou analisando. - Tá, e deixou Giulia com quem? - pergunto preocupado com a segurança da minha irmã. - É… - ele dá uma pausa e bufa. Percebo que ele está medindo as palavras e ergo uma sobrancelha. - Diz logo o que você quer me contar… - Ela insistiu muito pra vir, estava com medo de ficar sozinha com os outros seguranças…acabei trazendo ela comigo, chefe. - Porra, Marco! Não sabe dizer não pra minha irmã? Cazzo! Isso me faz repensar se você é a melhor opção para cuidar da segurança dela e você sabe que estamos em perigo aqui! - Guilhermo me olha com uma cara de interrogação e eu faço sinal pra ele que o conto depois. - Eu a deixei numa base segura. Só eu sei onde ela está agora, não teremos problemas com isso ou eu não a traria, você sabe disso. - sinto a frieza de suas palavras e sei que ele com certeza não colocaria minha irmã em risco sem um plano muito coerente. - Ok, ok…mas se algo acontecer a ela você sabe que… - Nada vai acontecer, chefe! - ele nem me deixa terminar a frase. Solto um ar de alívio que nem mesmo havia percebido que estava segurando. Minha irmã Giulia é a caçula depois de mim e do Guilhermo. Ela é, com certeza, o amor das nossas vidas. E, talvez, seja esse o motivo dela ter escolhido um lugar tão longe de casa, até mesmo dos centros dos nossos negócios, para estudar: ficar longe da nossa superproteção. - Tá ok… - dou mais um voto de confiança para Marco. Na verdade não me lembro de uma vez em que ele falhou comigo então ele tem essa moral. Desligo o telefone e explico pra Guilherme o que aconteceu. - Marco está pensando com a cabeça de baixo?! Vou quebrar a cara desse filho da puta de trazer nossa irmã pro meio do fogo cruzado! - seguro Guilhermo que dá um impulso pra frente seguindo pra porta. - Calma Guilhermo! Giulia está segura! Confio a segurança dela nas mãos de Marco! Passa mão na minha barba tentando respirar fundo. Que merda de dia caótico!