A PROMETIDA DO MAFIOSO - ENTRE O DESEJO E A SUSPEITA
A PROMETIDA DO MAFIOSO - ENTRE O DESEJO E A SUSPEITA
Por: Nina Bennet
Capítulo 1

5 anos antes

Mariana

Acordo com o despertador que programei na noite passada tocando no máximo (pela milésima vez).

- Droga! Estou atrasada! - Me levanto rápido tropeçando na coberta, a cabeça um pouco pesada de ressaca da noite passada. Não devia ter colocado a função soneca tantas vezes…

Ontem foi minha despedida dos meus amigos e família. Estou tão animada com o que está por vir que solto um gritinho e estremeço comemorando a realização desse sonho.

Finalmente chegou o dia em que embarco para os Estados Unidos em busca de uma vida nova pra mim e, consequentemente, para a minha família.

- Filha! Já ia te acordar! Anda! Você vai se atrasar! Seu padrinho já está vindo pra te levar para o aeroporto - minha mãe praticamente grita abrindo rápido a porta do meu quarto.

- Vou tomar um banho rápido, minhas coisas já estão organizadas, não se preocupe! - dou um beijo fofo no seu rosto. Ahhh, como vou sentir saudade disso! Meu coração dá um pequeno aperto de pensar que irei ficar distante dos meus pais, as duas pessoas que mais amo nesse mundo.

Saio do quarto correndo, indo direto para o banho. Mamãe me observa correr para o banheiro. Não olho pra trás mas sei que ela está com um sorriso bobo e nostálgico no rosto nesse momento.

Termino minhas higienes, arrumo um aerolook confortável e quentinho já que a viagem é longa e irei chegar em Chicago no início do frio.

Saio do quarto pronta para ir e meus pais e meu padrinho estão na sala com minhas malas.

Me despeço demoradamente da minha mãe e depois do meu pai com um abraço carinhoso. Estou fazendo isso por vocês, penso.

No caminho consigo refletir sobre tudo. Um friozinho na barriga se instala, mas me lembro que estou fazendo isso por eles e qualquer dúvida vai embora.

Nasci e fui criada em um bairro pobre do Rio de Janeiro. Meu pai sempre trabalhou como pedreiro, minha mãe em casa de família como doméstica. Sempre lutaram muito para me dar estudo e, consequentemente, cresci vendo essa batalha, o que me tornou uma lutadora também. Aos 12 anos, entrei para um projeto de dança na comunidade e me apaixonei perdidamente. Tive ajuda dos meus professores de dança para dar aula em algumas academias da zona nobre da cidade. Modéstia parte, eu sou boa!

Sempre ajudei meus pais mas, em paralelo, fui juntando dinheiro para essa viagem. Escolhi Chicago única e exclusivamente porque foi onde consegui contatos de apoio com a comunidade brasileira no bairro de Melrose Park através de uma amiga de infância. Mas na verdade…estou indo sozinha, não conheço ninguém lá pessoalmente.

Pode dar muito errado? Pode! Mas também pode dar muito certo, é nessa possibilidade que eu estou me agarrando.

Atualmente

Hoje fazem cinco anos desde que cheguei a Chicago. Ainda estou correndo atrás da minha paixão que é a dança mas esse sonho está mais difícil do que eu imaginei…e olha que não pensei que seria fácil!

Dou aula de street dance voluntariamente no subúrbio para meninas adolescentes para não enferrujar e ao mesmo tempo porque é uma forma de retornar para o universo esse presente que ganhei de ter conhecido a dança através de um projeto também na minha comunidade. Fora isso dei aulas em algumas academias com público brasileiro mas ganhava muito pouco e não estava conseguindo viver, apenas sobreviver com o dinheiro.

Não posso reclamar, fui muito bem recebida aqui principalmente por Joana e Cássio, meus vizinhos brasileiros que me ajudaram a conseguir um emprego de babá quando eu sai das academias. Fiquei 3 anos pulando de casa em casa, não porque não desse certo com as crianças as quais eu cuidava, mas cada um por motivos diferentes. Em algumas casas as mães resolveram se dedicar a fase inicial da vida de seus filhos e pararam de trabalhar, um se mudou para o outro lado da cidade e ficou fora de mão minha ida, e agora os últimos que cuidei começaram a estudar em horários integrais e por isso eu fui dispensada então estou sem emprego no momento.

Estou perdida em meus pensamentos, voltando pra casa depois de um dia entregando currículos e fazendo entrevistas, quando meu telefone começa a vibrar. Pego ele no bolso do casaco e a tela brilha mostrando que quem liga é meu pai.

- Oi paizinho! Que saudade! Como você tá? - falo em tom animado

- Oi filha… - sinto sua voz tristinha, o que me deixa em alerta

- Pai…o que aconteceu? - paro de andar sentindo o meu coração acelerar.

- Filha, tá tudo bem ok? - pronto, foi o suficiente para me desestabilizar, já passam mil possibilidades na minha cabeça de coisa terríveis que possam estar acontecendo.

- Diz logo pai, pelo amor de Deus!

- Eu e sua mãe voltamos agora do médico dela. Filha, ela está com câncer de mama - sua voz embarga e sinto meus olhos queimarem e um dor no peito que faz meu estômago embrulhar.

- Ah meu Deus pai! Não acredito nisso! - ficamos chorando juntos na chamada não sei por quanto tempo quando me b**e uma extrema necessidade de vê-la com meus próprios olhos, checar se ela está bem. Viro a ligação para chamada de vídeo e meu pai atende com os olhos inchados já de tanto chorar. - Ô paizinho, vamos resolver isso, mamãe é forte! Ela sempre dá um jeito, lembra? E aliás, ela tem eu e você ao lado dela…nada pode dar errado! - falo isso como um mantra, tentando me convencer também de que tudo ficará bem. - Onde ela está? Preciso vê-la!

- Oi filha… - minha mãe entra na chamada com uma carinha abatida, meu coração parece que vai parar.

- Mãe… - sinto um nó me sufocar na garganta mas ali eu decido ser forte! Por ela… - Mãezinha, não quero ver essa carinha batida! Nós já passamos por muito, e sempre demos um jeito! Não vai ser agora que seremos vencidos! - forço um sorriso fraco mas me ilumino ao ver ela concordar. Um brilho de esperança passa por seu olhar por um momento. - Olha, eu vou voltar pro Brasil e…

- Não, não, não, não mocinha! - minha mãe me corta no meio do discurso. - você está vivendo seu sonho, eu te coloquei no mundo para isso! E outra, eu tenho seu pai aqui, suas tias. Tia Maria - irmã mais velha da minha mãe e que é vizinha de porta da casa onde meus pais moram - irá ficar por minha conta para ir às consultas então não tem porque se preocupar!

Meu pai aparece de novo no vídeo.

- Além disso filha…mais do que nunca iremos precisar do seu apoio financeiro… - vejo o pesar nos seus olhos ao dizer essas palavras. Meu pai sempre foi provedor da nossa casa. Mesmo minha mãe trabalhando fora pra ajudar, a maior parte dos custos da nossa família ele foi quem sempre bancou. O sonho dele sempre foi me dar o melhor para que eu pudesse focar nos estudos e não me preocupar em pagar contas dentro de casa. Com o tempo os custos foram ficando mais altos o que o obrigou a aceitar minha contribuição também, mesmo que em parcela menor do que a dos dois. Mas agora, com minha mãe cem porcento focada no tratamento, seria impossível ele sustentar a casa sozinho mais os custos prováveis dos cuidados com a minha mãe.

- Paizinho, vai ser o meu maior prazer ajudar vocês. Nunca pude agradecer verdadeiramente o tanto que vocês fizeram por mim a vida toda e agora chegou esse momento. Vou dar o meu melhor e vamos sair dessas juntos, como sempre foi! - uma lágrima escorre dos olhos do meu pai e minha mãe, carinhosamente, a enxuga fazendo um afago em seu rosto. Naquele momento vejo o quanto os dois se orgulham de mim. - Mas ó, se precisarem de mim aí eu largo tudo pra trás e volto correndo pra estar aí com vocês hein? - damos um sorriso coletivo, e eles concordam.

- Ta bom minha filha…está combinado! Mas creio em Deus que não será necessário! - diz minha mãe. - Te amamos tanto! Ótimo dia pra você minha querida!

- Amo vocês demais!! Amanhã te ligo de novo mãe! Se cuida!

- Pode deixar, ela vai sim! E eu cuidarei dela! - meu pai diz com o peito estufado de orgulho. - Amo você filha, tchau!

Desligo a chamada e meu corpo se permite sentir a gravidade daquela notícia. Me sento num ponto de ônibus e começo a chorar copiosamente, algumas pessoas me olhando estranho. Não ligo. Nada mais importa pra mim a não ser conseguir dinheiro para dar um um tratamento digno para a minha mãe. E é só nisso que consigo pensar…

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