A entrada da casa dos meus pais parecia saída de uma revista de arquitetura. As orquídeas da minha mãe floresciam em arranjos de todas as cores, organizadas com perfeição nas jardineiras de ferro branco. A grama havia sido cortada naquela manhã, ainda soltava o cheiro fresco característico — mistura de terra úmida e limpeza. A fachada também estava diferente: antes num tom creme, agora pintada de um branco elegante, quase brilhante sob a luz de fim de manhã.
Caminhar por aquele terreno já não me parecia tão familiar quanto na infância. As lajotas que formavam um caminho reto até a porta ainda estavam lá, mas não eram mais as mesmas do meu imaginário. Eu costumava brincar de amarelinha todos os dias depois da escola, tentando atravessar os quase vinte metros que separavam o portão da entrada. Nunca conseguia chegar até o fim sem perder o equilíbrio. Hoje, cada pedra parecia um lembrete de que o tempo tinha passado, e eu já não era a mesma garota que corria descalça por ali.
Subi os doi