A sala nova era ampla, moderna, toda em tons de cinza com detalhes brancos — fria, limpa, sem identidade. Completamente impessoal, como o restante do prédio. Me sentei em frente à mesa e encarei a pilha de relatórios. Mesma função de antes. Ler. Corrigir. Preencher o vazio com regras jurídicas.
Mas agora... sem ele.
O dia passou arrastado. Quando finalmente deu a hora, saí praticamente correndo. No hall, rostos curiosos murmuravam histórias que provavelmente inventaram, e eu... eu só queria sair dali.
Foi então que vi Matt.
Encostado em seu carro, de blazer preto desabotoado e camisa azul sem gravata, sorrindo com aquelas malditas covinhas que me desarmavam. Seus olhos me encontraram e ele acenou.
— Como foi seu dia? — perguntou, se aproximando e me envolvendo num abraço.
— Uma tortura. — fiz careta. — Odiaria menos se não tivesse que ler quinze relatórios do Misa.
Ele olhou, sem responder, para o outro lado da rua — onde ficava a empresa do pai dele. Havia sempre uma tensão ali, uma