Alguns meses se passaram e, com eles, os bebês cresceram — e minhas dúvidas também. Cresceu, junto, a vontade de sair da casa dos meus pais. Minha rotina não mudou muito: manhãs e tardes inteiras com o Liam e a Becah, a Abi como braço direito (e melhor companhia), as meninas no fim de semana. O Math passava o dia na empresa; meus pais, nos respectivos trabalhos. Ficar em casa o tempo todo começava a me deixar inquieta. Não por não querer estar com meus filhos — isso eu amava —, mas por olhar o diploma encostado no fundo do armário e sentir a pontada de frustração de ainda não estar na minha área. Quando cogitava creche, porém, bastava imaginar um dia inteiro longe deles para desistir na mesma hora.
Há dois meses voltei a me mexer de verdade. Resgatei os equipamentos de ginástica da minha mãe e, todas as tardes, empurrava o carrinho em caminhadas curtas. O ar da cidade mudava de cheiro — as esquinas já não tinham mais aquele frio cortante do início do ano; agora eram os primeiros vento