A Obsessão tem Olhos Âmbar
A Obsessão tem Olhos Âmbar
Por: L.sousa
"A Noite que mudou tudo"

Aylla estava sentada à mesa de um bar movimentado, cercada por conversas e risos que pareciam vir de outro mundo. Ela não sabia exatamente o que fazia ali. Apenas... estava. A dor de perder alguém com quem dividira cinco anos da vida fazia seu peito se contorcer. O vazio era tão profundo que até respirar parecia um esforço.

— Me traz mais uma — pediu ao garçom, a voz rouca e embriagada de mágoa. O homem hesitou, a encarou como se soubesse que aquela tristeza afogada em tequila tinha raízes profundas.

Vanessa, sua melhor amiga, observava tudo com olhos de pena e preocupação.

— Aylla, por favor... chega. Aquele ex-lixo não merece isso. — A voz dela era firme, mas doce.

Aylla ergueu os olhos castanhos claros, ainda embaçados pela dor, e encarou a amiga com um sorriso triste. Conhecia Vanessa desde sempre. Ela sabia exatamente como estava se sentindo. Desde o dia em que descobriu a traição de Leonardo, tudo dentro dela havia ruído.

— Você sabe que eu o amava, Van. Ele foi meu primeiro tudo...

Ela baixou o olhar. Sempre fui tímida. Mesmo com sua beleza chamativa — os longos cabelos loiro-dourados, os cílios negros que destacavam seus olhos claros, e o corpo que fazia virar cabeças até com o simples conjunto de moletom rosa — Aylla carregava uma autoestima frágil, moldada por anos de insegurança e relações unilaterais.

Vanessa, que a conhecia como ninguém, nunca entendeu como aquela mulher de aparência quase cinematográfica podia se sentir tão invisível.

Aylla perdeu nos próprios pensamentos até sentir a amiga puxá-la de volta à realidade.

— Eu tenho uma ideia que vai te fazer esquecer esse idiota — disse Vanessa com um brilho travesso nos olhos.

Aylla franziu a testa, desconfiada.

— Que ideia?

— Passe a noite com outro homem. Se permita sentir algo novo, Aylla. Se dê a chance de experimentar um corpo diferente. Um prazer diferente.

— Vanessa, você ficou louca? Você sabe que eu não consigo nem conversar direito com homens, imagina...

— Eu sei, amiga. Por isso mesmo não tô te pedindo pra sair por aí procurando alguém. Eu... já resolvi isso. Tenho alguém pra essa noite. Um garoto de programa.

Aylla quase engasgou com a bebida.

— O quê?! Você enlouqueceu de vez! Como vou sair com um homem assim? Você sabe como fui criada...

— Calma. Ele só trabalha com mulheres, é super charmoso e profissional. Vai te fazer bem, só por uma noite. Você precisa ver que o mundo não gira ao redor do Leonardo.

Aylla a olhou, desconfiada.

— E da onde você conhece esse homem?

Vanessa hesitou um segundo.

— De umas colegas minhas. Amiga, isso importa? Eu já organizei tudo. Só precisa ir nesse endereço que vou te mandar. Amanhã à noite.

Aylla a fitou por um momento longo. Queria dizer não, mas não conseguiu. A verdade é que queria que Leonardo pagasse. Queria se libertar daquela dor. Mesmo que fosse só por uma noite. Mesmo que fosse com um estranho.

— Isso não parece certo. Esse homem... ele deita com qualquer uma.

— Amiga, relaxa. Ele é cuidadoso, faz exames regularmente, usa proteção. Você não vai se arrepender. É uma noite. Só uma. Pensa como uma despedida — não de um noivado, mas de um sentimento que só te machuca.

Aylla respirou fundo. Confiava em Vanessa. Ela era a irmã que nunca teve. Quando se mudou do interior para a cidade grande para estudar pediatria, foi Vanessa quem a acolheu. Pensando nisso, ela cedeu.

— Está bem... Eu vou.

Vanessa sorriu, satisfeita, e a levou até seu pequeno apartamento alugado. Era acolhedor, com uma decoração boho aconchegante. Aylla se jogou na rede da varanda e ficou olhando as estrelas, tentando entender em que momento sua vida tomou esse rumo.

Recebeu uma mensagem. Vanessa havia mandado o endereço:

Quarto 33 – Hotel Venetian Serenity Lodge.

Aylla arregalou os olhos. Aquele era um hotel cinco estrelas. Muito caro.

“Amiga, esse hotel é muito caro...”, digitou.

Vanessa respondeu rápido: “Já tá tudo pago. Só vai. Confia.”

Aylla hesitou. Vanessa vinha de uma família rica, mas ela odiava depender disso. Ainda assim, aceitou.

O dia seguinte passou rápido. O hospital estava cheio, e as crianças da ala pediátrica, com suas risadas e pequenos dramas, sempre conseguiam arrancar sorrisos dela. Era a única parte da sua vida onde ainda se sentia inteira.

Quando saiu do trabalho, pegou um táxi direto pra casa. Tomou um banho longo, tentando se acalmar, escolheu um vestido vermelho colado ao corpo e saltos altos. A maquiagem era leve, mas realçava seus traços. Passou seu perfume preferido e saiu.

Ao chegar no hotel, foi direto à recepção.

— Tenho um... encontro no quarto 33 — disse, quase num sussurro. A recepcionista entregou a chave com naturalidade. Ninguém ali sabia quem ela era. Isso ajudava.

No elevador, o coração dela parecia querer pular do peito. Ela não sabia o que esperar. Um homem pago para dar prazer — só a ideia já a fazia corar. Quando a porta do quarto se abriu, Aylla sentiu as pernas vacilarem.

Perto da enorme janela do quarto luxuoso, havia um homem.

Ele estava de costas, usando uma camisa branca alinhada, calça e sapatos pretos. A postura era firme, segura. E quando se virou... Aylla perdeu o fôlego.

Os cabelos pretos emolduravam um rosto forte, marcante. Mas o que realmente a desconcertou foram os olhos âmbar — intensos, penetrantes, selvagens. Eles a encararam como se pudessem ver cada parte escondida de sua alma.

— Olá, Aylla — ele disse, com uma voz grave e sedutora. — Meu nome é Eyron. Espero fazer sua noite... inesquecível.

Aylla sentiu o coração acelerar. Não sabia se era medo, ansiedade ou algo mais... escuro. Mais profundo. Naquele momento, sem imaginar o quanto sua vida mudaria, ela cruzava a primeira linha de um jogo perigoso.

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