ADDELINE DE FILIPPI
Lucien não estava mais aqui.
E, mesmo assim, tudo nesta casa falava dele.
O eco do seu riso pelos corredores, o som dos seus passos subindo a escada, aquela forma única de dizer meu nome —como se o mundo parasse só porque ele me olhava.
Ele tinha ficado anos longe, e eu achava que era isso o que queria.
Que precisava dele distante para poder respirar.
Não era isso que eu pedia?
Que me deixasse em paz.
Que não me sufocasse.
Que não tentasse me salvar o tempo todo.
Que não me amasse tanto.
Foi isso que pedi.
E ele me atendeu.
Anos de silêncio entre nós.
Mas agora que ele não estava mais em casa, depois de tanto tempo… o vazio que ele deixara parecia impossível de preencher.
Nesses dias, a casa parecia diferente —como a calmaria antes da tempestade.
Carregada. Silenciosa. Instável.
E, nos últimos dias, pensei nele mais do que gostaria de admitir.
E isso me irritava.
Porque jurei que estava bem sem ele.
Que era livre.
Que não precisava dele.
E, no entanto…
A cama estav