ADELINE
O silêncio permanecia entre nós.
Mas já não era desconfortável.
Era denso, carregado de tudo o que não tínhamos dito em anos.
Brincava com as mãos sobre o colo.
Lucien continuava diante de mim, com a testa ainda encostada na minha, como se precisasse da minha proximidade para conseguir respirar.
—Lucien… —sussurrei, quase sem voz.
Ele levantou o olhar.
E então, finalmente, eu falei.
Se não dissesse o que sentia agora, nunca diria.
Respirei fundo e juntei coragem.
—Senti sua falta —disse com um nó na garganta—. Senti sua falta todos os malditos dias desde que você foi embora.
Lucien ficou imóvel.
Nem um gesto.
Apenas me ouvia.
—Não houve um único amanhecer em que eu não pensasse se você tinha tomado café, se tinha dormido bem, se sentia frio… ou se ainda me odiava.
Minha voz tremia.
As lágrimas se acumulavam, traiçoeiras, no canto dos olhos.
—Fingi que você era só uma sombra. Que eu estava bem sem você. Que a sua ausência me aliviava… mas nada disso era verdade. Nada.
Ele me ol