Ingrid de Danielle
Vestiria meu terninho cor de merda, como diz a Eva. De longe, a roupa mais formal e adequada que eu tinha. Perfeita para a ocasião de hoje. Contudo, ao contrário do dia em que fui fazer a entrevista com Denner, hoje eu não iria me masculinizar. Falei tanto sobre se adequar às diferenças entre masculino e feminino, e eu mesma não cumpria minha fala. Achava que não seria respeitada se usasse maquiagem ou uma unha bem feita. O medo de sofrer com o sexismo… não adiantou nada eu tentar esconder minha feminilidade.
Denner foi justamente um machista e sexista comigo na bendita entrevista.
Não era hora de remoer o passado — aquele era o momento da volta por cima. Depois de dois anos suportando o setor pesado da manutenção do hotel, finalmente estava na área estratégica. E por mais que eu tivesse ciência de que o “Senhor Menegaço” tinha intenções tendenciosas para comigo, eu sabia que estava ali pelo fruto do meu trabalho. Ele jamais teria me chamado para tal feito se eu