Sharon Belmont
Saí do show antes do término.
Esperei dezessete anos e, por causa de Dante Menegaço, não consegui concluir algo que era como um sonho para mim.
Como todos ainda estavam dentro do estádio, foi fácil encontrar um táxi que não tentasse me extorquir. Dentro do carro, antes mesmo de o motorista arrancar, ainda pude ver Dante sair e, naquele instante, meu coração fisgou.
Sim, ele tem a sua parcela de culpa naquele acidente. Mas a maneira como despejei isso na cara dele... não foi certa.
Aquela noite era algo que Bel e eu sonhávamos há anos. Um sonho nostálgico, de uma época em que ela dizia que seria atriz e eu, uma hippie livre pelo mundo.
Senti pena de mim mesma, e detestava me sentir assim, frágil, chorosa. Talvez eu nunca superasse aquela perda.
Graças a Deus, estava chegando em casa.
Tudo o que eu queria era enterrar o rosto no travesseiro e desaguar minha tristeza até pegar no sono.
Do meio-fio até a entrada do prédio, a calçada era larga. Eu tirava a chave da b