3p2♥️ O CEO e a Prostituta

Draiton Menegaço

Minha loucura não era apenas considerar a ideia tosca de Oléria. A verdadeira insanidade estava em quem eu planejava convidar pra fingir ser minha noiva: uma prostituta que eu conhecera havia menos de 24 horas.

Mas fazia sentido. Eu precisava de alguém profissional. Alguém que soubesse mentir, fingir sentimentos. Uma atriz poderia acabar confundindo as coisas, transformando o teatro em romance. Eu não tinha tempo pra isso. Não estou afim de rompantes amorosos. Já uma prostituta... jamais ia querer mais do que dinheiro. E eu não me envolveria com uma mulher que só me enxergasse como cifrão.

Melissa era perfeita.

Movido por essa ideia insana, desci até o andar onde ela estava hospedada. No corredor, vi o carrinho de serviço parado. Estranhei. Estava prestes a empurrá-lo quando ouvi o grito desesperado:

— Socorro!

Apertei a maçaneta. Destrancada. Entrei sem pensar.

O idiota estava sobre ela. Num ímpeto, agarrei e o joguei contra a porta.

— Não se mete, cara! — Jobson rugiu, tentando se recompor. — A Melissa é minha namorada!

Veio pra cima de mim e tentou me acertar um soco. Segurei o braço dele, torci pra trás com tanta força que ouvi o estalo. Encostei minha boca em seu ouvido.

— Sai daqui agora... antes que eu te quebre todinho.

O joguei pelo corredor, em cima do carrinho de serviço.

Peguei o telefone do quarto, liguei pra recepção. Ordenei que cercassem as saídas e chamassem a polícia. Passei todas as características do imbecil.

Quando me virei, Melissa estava na cama, o delineador borrado, os olhos arregalados, o corpo trêmulo.

Fui até ela. No impulso, me abraçou.

— Xiii... tá tudo bem agora — murmurei, afagando os cabelos macios e cheirosos.

— Eu preciso mudar de hotel... meu Deus, se você não chega, ele me matava!

— Stalker é crime, Melissa. Você denunciou ele?

— Não. Eu sou prostituta, Draiton. Fiz programas com ele. Você acha que a polícia ia me tratar como vítima? — ela j**a a realidade na minha cara.

Engoli seco. Ela não estava errada. O preconceito era cruel.

— Mas hoje você vai denunciar. Eu sou testemunha. Esse desgraçado tem que ser preso.

— Ele é filho de político. A família dele tem 30% das propriedades de Búzios. Não vai dar em nada. — respirou fundo, a voz embargada. — Me diz... por que você veio aqui?

Ia responder, mas a batida na porta anunciou a chegada da polícia e dos representantes do hotel.

(...)

Melissa tinha razão. A polícia tratou como caso banal. Alegaram que, como não houve ferimento grave, não podiam prender o cara. "Vamos dar um puxão de orelha nele", disseram. Vergonhoso.

Os únicos que se importaram de verdade foram os representantes do hotel. Queriam preservar a cliente de luxo.

Quando ficamos a sós, ela voltou ao assunto.

— Então... o que você veio fazer aqui?

Respirei fundo. Estava na hora.

— Você conhece a Itália?

— Ainda não. Tô desbravando a América primeiro.

— Gostaria de conhecer?

— Claro, eu amo viajar. Mas não tô entendendo aonde você quer chegar.

Olhei firme nos olhos dela.

— Eu tenho uma proposta de trabalho para você.

Ela ergueu as sobrancelhas, o cenho levemente franzido, tentando decifrar minha expressão.

— Sério? — questionou, desconfiada.

— Seríssimo. — inclinei-me um pouco mais para frente, baixando o tom como quem revelava um segredo. — Quero que finja ser minha noiva. Precisamos parecer apaixonados, como se estivéssemos prestes a nos casar. Eu pagarei 700 euros por dia. Você não precisará se deitar com ninguém, seu… instrumento de trabalho vai descansar. O máximo que terá de fazer diante das pessoas é me dar um beijo rápido, nada além disso.

Ela me encarou fixamente, como se tentasse arrancar a verdade de dentro dos meus olhos.

— Me responde sem rodeios… você é gay?

— Não. — respondi firme, sem hesitar. — E, se fosse, não teria problema algum em assumir. Minha vida pessoal seria apenas minha.

— Justamente. — ela cruzou os braços, ainda avaliando. — Cada um tem que ser livre. Mas… sua proposta é tentadora demais. Só que temos um problema.

— Qual?

— Você já assistiu Uma Linda Mulher? — ela sorriu de lado, provocativa. — Beijo na boca é contato íntimo, muito mais profundo que sexo. Prostitutas não beijam na boca para não correrem o risco de se apaixonar.

Soltei uma risada breve, mas séria.

— Ninguém precisa de beijo de novela. Para convencer, basta abraços, carinhos e, talvez, um beijo no rosto. Não vou forçar nada além disso.

Ela mordeu o lábio, pensativa, como quem calculava riscos e ganhos.

— Setecentos euros por dia, durante toda a viagem… — disse em tom calculista. — Ainda assim, daria tempo de eu fazer uns programinhas com uns gringos por fora.

— Claro que não! — interrompi de imediato, meu olhar endurecendo. — Nos dias em que estiver comigo, será exclusividade minha. Preciso que minha família acredite no noivado. Se houver qualquer deslize, todo o plano vai por água abaixo.

Ela arqueou uma sobrancelha, avaliando minha reação.

— Olha… essa sua proposta está boa demais para ser verdade. — inclinou-se contra a cadeira, desconfiada. — Até parece papo de traficante de mulheres. Setecentos euros só para eu fingir que te amo, viajar para a Itália e nem precisar… usar meu instrumento de trabalho?

— Posso provar quem sou. — puxei a carteira e coloquei os documentos sobre a mesa. — Pode fotografar, enviar para quem quiser. Não tenho nada a esconder. Minha família é dona de várias redes hoteleiras. Eu sou o CEO da rede Menegasso no Brasil.

Os olhos dela se arregalaram de imediato.

— Espera aí… você é dono do Hotel das Estrelas?

— Exato. — sorri de leve. — Perdemos apenas para o tradicional Copacabana Palace. Então, me diga… você topa fingir que é minha noiva?

Ela respirou fundo, avaliando a proposta. Seus olhos percorreram o ambiente, como se buscasse uma saída que não existia. Então voltou a me encarar.

— Você poderia levar qualquer mulher que quisesse. Por que eu?

— Justamente porque não quero complicações amorosas. Preciso de alguém profissional, que saiba separar sentimento de negócio.

Ela soltou um riso breve, mas havia algo de cansaço em seu olhar.

— Vai ser bom ficar longe daqui um tempo… — murmurou. — Longe de certos loucos e desses como o Jobson. Além disso, vou ganhar dinheiro e conhecer um lugar lindo. Só se eu fosse louca para dizer não.

Aos poucos, levantou a mão. Eu estendi a minha e apertei a dela com firmeza.

Naquele gesto simples, silencioso, o acordo estava selado.

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