O piso de madeira rangeu sob meus pés descalços enquanto meus dedos formigavam para que eu puxasse o pano que cobria o cavalete. Estendi a mão, hesitante, não sabendo o que iria encontrar embaixo dele, então o puxei deixando que o tecido caísse no chão.
Meu fôlego parou quando dei de cara com a minha imagem na tela. Ainda era um quadro inacabado, mas podia me ver claramente ali. Meu rosto pintado com traços delicados, os olhos capturando uma expressão de vulnerabilidade e força que eu nem sabia que tinha. As cores que ele tinha escolhido eram vivas e as pinceladas, até mesmo o contorno dos meus lábios e a pequena cicatriz no meu queixo, estava retratada no quadro.
— Como? — sussurrei com o coração acelerando ao esticar meus dedos e tocar a pintura.
Então minha mente voou para o dia do nosso casamento, a primeira vez que entrei em sua casa e me deparei com os quadros de paisagens na sala, os detalhes que pareciam pulsar com vida. Kaian tinha pintado elas, ele era um artista nato, mas e