Eu a vi se afastar da festa com o celular colado ao ouvido, a silhueta do vestido branco desaparecendo entre as sombras das árvores. Não dei importância no começo, ao menos longe ela não estaria sob os olhares hostis da minha alcatéia, nem perto de mim, me fazendo lutar contra o que seu cheiro fazia comigo.
Mas os minutos se arrastaram, e um pressentimento ruim se formou no meu peito apertando meu coração. A reserva era um labirinto de trilhas e árvores, perigoso para quem não conhecia, e a última coisa que eu queria era passar a noite procurando por ela. Ou pior. Algo me dizia que não era só o risco de ela se perder.
Levantei-me, ignorando as risadas dos meus betas, e saí atrás dela, meus passos rápidos, guiados pelo instinto, seguindo o cheiro dela que me puxava como um fio invisível.
Corri pelas trilhas até que a encontrei, uma figura frágil caída no chão, debruçada sobre os cascalhos com os ombros tremendo com soluços. Meu sangue ferveu, uma raiva cega misturada com um instinto de