Ás vezes a vida nos coloca em situações complicadas e até difíceis de entender. Isabela nunca imaginou que sua vida iria mudar da noite para o dia, após ser vista por Marco. Um homem que pode fazer o que quiser e que se encanta por ela, tornando-se sua obsessão. Ele é um Don da máfia e está acostumado a ser servido em tudo e por todos. Ele não esperava encontrar uma garota como ela. Marco decide que a quer em sua vida e fará tudo ao seu alcance para que ela entenda que ele é quem dá as cartas nos jogo complicado da vida. O perigo está sempre por perto e as coisas nem sempre saem como planejamos. Duas vidas diferentes, duas culturas, duas pessoas únicas e um só destino.
Ler maisParte 1...
Isabela
Tem certas situações em minha vida que eu chego a pensar que cuspi na cruz de Jesus. Ou então, eu sou muito maluca.
Só pode ser!
Ao longe eu escuto um som que se repete e aos poucos, vou tomando consciência de que o som está ao meu lado. Forço meus olhos a se abrirem e de imediato pisco várias vezes com a claridade e sinto meus olhos ardendo.
E não é só isso. Minha garganta dói até para engolir a saliva. Tem alguma coisa errada comigo. Sinto todo meu corpo doer e minha cabeça está pesada, como se tivesse uma tonelada pressionando meu cérebro.
Eu puxo o ar fundo e sinto uma dor pulsante e penetrante em meu abdômen. Me sinto confusa. Não entendo essa dor.
Quando minha visão finalmente clareia, a primeira coisa que vejo é uma mão sobre minha barriga. E estou com bandagens.
Por que estou com bandagens? E por que essa mão está me segurando?
Eu conheço essa mão morena, esses dedos compridos. Conheço essas tatuagens. Engulo em seco e minha garganta dói de novo. Meu coração dispara.
Não é possível. Depois de tudo o que passei, não é possível que seja quem eu penso. Movo minha cabeça lentamente para o lado e então confirmo minha suspeita. É ele.
Marco Salvatore. O homem que me enganou e me tratou como uma qualquer.
Realmente, eu cometi algum pecado grave. Nem que seja o pecado da burrice.
** ** **
* Muito antes disso...
Eu já tinha sido avisada sobre os homens romanos, mas viver isso na prática é uma outra história. Eu até me lembro do filme Sob O Sol da Toscana. É bem aquela cena onde a personagem principal precisa comprar uma peça para o lustre e ao passar pelas ruas, os homens andam atrás dela como se fossem urubus.
Bem, não como urubus na verdade, já que a maioria dos homens aqui são um colírio para os olhos de qualquer mulher.
Nossa, eu nunca vi tanto homem bonito, sexy e atraente por metro quadrado como aqui. E não poderia ser diferente. Os romanos são diferentes mesmo. Eles se destacam até dos outros homens do resto da Itália.
Aqui em Roma, até o idioma falado parece não ser o italiano comum. O que acontece é que aqui e nos arredores, é bem comum encontrar pessoas que falam o “romanesco”, que é um dialeto com características distintas.
É muito interessante ficar ouvindo um grupo falar, porque o romanesco tem até regras próprias e um sotaque particular. Eu gosto, acho interessante. Ainda não consigo me comunicar bem nesse dialeto, mas já peguei algumas expressões.
— Sei molto bella per lavorare qui!
(Você é muito bonita para trabalhar aqui!)
Eu finjo que não ouvi e continuo a servir a mesa, onde dois rapazes me encaram como se eu fosse uma peça de carne na vitrine. E olha que o meu uniforme da cafeteria nem é insinuante. Imagine se fosse.
Eu sorrio e coloco a caneca de porcelana na frente de um deles que continua a me encarar. Pergunto se desejam algo mais e claro, a resposta vem de imediato.
— Il mio desiderio è portati via da qui e portati a casa mia.
(O meu desejo é tirar você daqui e a levar para minha casa)
Tão óbvio! Mas eu sorrio e me afasto com um gesto de cabeça. Não vou dar ousadia de responder porque isso fará com que continue falando.
— Garota, hoje parece que os homens vieram com força total.
Angelique é uma amiga francesa que mora comigo no apartamento. Nós dividimos o aluguel com mais uma amiga, Mariane, uma venezuelana.
Nós chamamos o apartamento de território neutro. Cada uma é de um país e não podemos criticar o país da outra, mesmo que discorde de algo sobre a cultura da outra. Mas podemos criticar a Itália e as pessoas daqui.
Eu sei, é uma coisa meio esquisita e até pode parecer preconceituosa, mas não é. Foi o modo que encontramos para nos manter unidas. Nosso apartamento é um território limpo de críticas e preconceitos para nossas culturas, mas estamos livres quando se trata dos outros.
É muito bom morar com elas e divertido também. Especialmente quando esquecemos e falamos nosso próprio idioma e fica uma salada mista. No geral nós falamos o italiano. Com sotaque, mas falamos, é o que importa.
Eu aprendi algumas palavras e frases quando era pequena, com minha avó Natália. Ela era italiana de Nápoles. A mulher mais incrível que eu já conheci na vida e sinto demais sua falta.
Quando ela morreu eu tinha dezessete anos e tive uma crise de choro durante o sepultamento. Ao chegar em casa, tive uma crise de depressão que levou mais de seis meses para passar de verdade.
E quando consegui me livrar da depressão, eu fiquei com a ideia fixa de que viria para a Itália e aqui estou eu hoje.
Não é tão fácil como eu pensei, mas não é tão difícil também. Depende muito do ponto de vista de cada um.
— Eu sei - entreguei um pedido para ela repassar ao pessoal do fundo — Aquela mesa ali os dois até parecem que estão no cio - apontei com o dedo, disfarçando.
Ela olhou na direção e disfarçou, olhando em volta também. Sorriu e se inclinou por cima do balcão.
— Não vira agora para não dar muito na cara, mas tem um homem... - ela mordeu o lábio — Mon Dieu bien-aimé... Que coisa mais deliciosa.
— Onde? - fiquei curiosa.
— Atrás, parte C, do lado da janela - ela me indica a direção.
Eu pego o bloco e a caneta e me viro, dando uma olhada em volta, como se estivesse esperando por um pedido. E então eu o vi.
Realmente, que homem era aquele? Angelique tem razão. Meu Deus amado! Eu até engoli em seco, tentando disfarçar.
Seu rosto angular é expressivo. Notei seu nariz aquilino, a boca grande bem feita, as sobrancelhas densas e quando ele virou o rosto para mim, Jesus, vi seus olhos penetrantes.
Autora Ninha Cardoso.
Obs: livro completo com enredo de máfia.
Parte 183...IsabelaDe Volta a Roma...Depois de um final de semana cheio de emoções e novas memórias, nós finalmente retornamos a Roma. O reencontro havia sido revigorante, e agora, de volta à rotina, eu me sinto mais em paz com tudo o que havia acontecido.Quando cheguei em casa em Roma, Marco esperava com os gêmeos, que corriam pelo gramado, rindo e gritando. Eu observei a cena por um momento antes de caminhar até meu marido, que estava sentado em uma cadeira no jardim, observando as crianças, distraído.— Eles estão crescendo tão rápido - eu comentei, enquanto me sentava ao lado dele.Ele a olhou, sorrindo e se esticou para me dar um beijo.— Que bom que você voltou, amore. Como foi lá com as meninas?Eu contei como foi o encontro, tudo que conversamos, o que planejamos e também como me senti feliz por essa chance de rever Mari.— Isso é muito bom, muito bom mesmo... - ele olhou para as crianças de novo — E sim, parece que foi ontem que estavam aprendendo a andar. Agora, estão c
Parte 182...IsabelaAo pousarmos em Genebra, fomos recebidas por Adrian, que nos aguardava no aeroporto com um sorriso caloroso.— Bem-vindas a Genebra, senhoras - disse ele, enquanto abria a porta do carro para a gente. — Como foi o voo?— Tranquilo - respondeu Angelique, enquanto eu olhava ao redor, tentando absorver o novo ambiente. — E onde estão Mariane e Túlio? - ela perguntou ansiosa — Quero dizer, Lúcia e Artur?Andrei sorriu, vendo a ansiedade no rosto dela. Mas ele já sabe como ela é.— Eles estão esperando por vocês no chalé. Eu quis vir buscar vocês pessoalmente para que pudessem ter uma chegada tranquila. Vai ser um pouco diferente do que vocês estão acostumadas, mas acho que vão gostar.— Só de rever minha amiga depois de tanto tempo, já vai valer a pena a viagem - eu afirmei.O carro deslizou pelas ruas tranquilas de Genebra até chegarem ao chalé, uma construção aconchegante cercada por montanhas. A paisagem era muito bonita, mas minha ansiedade está grande e depois e
Parte 181...IsabelaMarco fez uma pausa, o som de sua respiração ecoando no telefone.— Eu também estou animado para ver Túlio. Ele foi muito corajoso em seguir com essa vida nova. Espero que possamos realmente encerrar essa parte do passado e começar de novo. Não tenho mais a mágoa de antes.Após desligar, nós fomos cuidar das encomendas e colocação de cada arte ems eu devido lugar. Terminamos os preparativos na galeria, e partimos para casa, onde Marco já estava cuidando das crianças. — Gente, eu vejo isso e me admiro - Angelique riu baixinho quando passamos da porta principal, ao ver meu marido com nossos filhos.— Eu antes também ficava assim, mas agora já me acostumei - sorri.Quando eu fiquei sabendo que teria gêmeos, minha cabeça ficou cheia de ideias, algumas que tive que contar com a ajuda de Marco, porque eu estava cheia de receio de ser mãe, o que dirá de ser mãe de dois ao mesmo tempo.Meus fofinhos, Matteo e Sofia, estavam agora com dois anos e meio e eram o que mais al
Parte 180...Isabela*Roma, três anos depois...— Eu ainda não dei baixa na entrega de ontem à tarde, Angel - eu andei de um lado para outro com o celular grudado ao ouvido — Você já está chegando ou Timothy ainda está segurando você? - ouvi a risada dela.— Não seja exagerada, eu já estou passando da porta.Me virei rápido e quase derrubei a agenda presa na minha prancheta. A luz suave da manhã invadia a ampla sala da galeria de arte que eu e Angelique abrimos. As paredes, elegantemente decoradas com peças modernas e clássicas, refletiam a jornada que nós duas tínhamos percorrido. Não foi fácil me transformar em uma mulher confiante de verdade, cujo olhar refletia uma mistura de serenidade e determinação. Eu levei um tempo para me afastar de certos pensamentos e medos que me prendiam demais.Claro que eu tive a ajuda emocional de Angelique e até de Timothy que se tornou um ótimo amigo para mim. Mas o principal mesmo foi Marco, agora meu marido.Angelique estava muito bonita. Desde
Parte 179...IsabelaDepois de uns minutos, a Angelique entrou no quarto.— Você está bem?— Estou sim...— Então, porque não está lá na sala como todo mundo? Marco e aquele outro cara estão explicando como vão fazer para Mariane e Túiio irem embora - me olhou curiosa — Aconteceu algo aqui... Além do óbvio, é claro! - ela riu.— Marco quer que eu me case com ele e eu disse que não agora.— Hum... E ele não gostou?— Nem um pouco.— Não pode culpar o homem por isso - abriu as mãos — Acho que era de se esperar depois de tudo entre vocês.— Mas eu quero me casar com ele, só não quero agora de imediato. Eu quero me organizar como a gente tinha planejado antes, lembra?— Tá, eu me lembro, mas os planos mudaram depois daquele ataque... — Eu sei, mas agora Mariane vai ter que se afastar, Marco quer que eu volte para Roma e você está de rolo com o Timothy - falei meio que reclamando — Será que não dá pra ter um pouco de consistência na vida?— Amiga, na verdade você está é com medo de se cas
Parte 178...IsabelaEu olhei para ele e ri. Tudo bem, ele pode estar com boas intenções, mas não acho que devo aceitar.— Marco, você faz parecer que tudo está bem, quando na verdade, não está.— É claro que eu sei que não está, mas já demos o primeiro passo para melhorar. Você queria que eu me livrasse de meu acordo com Don Alfredo e que cuidasse da situação de Túlio. Foi o que eu fiz.Eu meneei a cabeça e fiz um bico.— Não sei se foi bem assim.— Você está complicando as coisa, isso sim. Desde o começo você agiu de uma forma que acabou nos colando aqui - fez um gesto com a mão mostrando o quarto.— Ah, então ser honesta, como eu fui - fiz uma careta irônica — Foi errado? Você mentiu, manipulou e causou um caos na minha vida - ergui a mão — E nem vou falar na vida de outras pessoas, mas a culpada sou eu?— Eu não quero brigar, bella - passou a mão pelo rosto — Já vim de uma loucura lá em Barcelona... Eu realmente não quero entrar em uma discussão com você.— Claro que não - eu bati
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