Depois de terminar o café, Sophie se levantou. Olhou mais uma vez para as estantes repletas de livros, os versos rabiscados nas xícaras e os painéis onde os frequentadores podiam deixar pequenos textos, poemas ou desenhos. Aquilo ainda a emocionava. Era como se, em cada recanto, a cidade sussurrasse de volta à sua alma criativa. Mas agora, os sussurros vinham com ecos de passado, como sombras de algo que não fora totalmente resolvido.
Ela caminhou até o painel das poesias e passou os dedos por um dos papéis colados ali. Havia um verso escrito com letra conhecida. Parou. Era sua caligrafia, de meses atrás.
"Não era a música que me encantava.
Era o silêncio entre as notas,
aquele que parecia sussurrar teu nome."
Sophie sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. Nem lembrava de ter deixado aquele trecho ali. Tinha sido numa tarde chuvosa, talvez, pouco antes de partir. Agora, ali, ele parecia carregar outro significado — mais íntimo, mais misterioso. Como se falasse não só da música do