A Madrasta Mas odiada
A Madrasta Mas odiada
Por: Camila Nunes
Prólogo

Minhas mãos ainda tremiam enquanto segurava o teste de gravidez positivo que comprei na farmácia. Eu não queria acreditar que isso estava acontecendo comigo. Como explicaria isso ao meu pai? Assim que soubesse, ele me colocaria na rua e me chamaria de irresponsável. O que eu faria agora?

Estava grávida de um homem por quem me apaixonei por algumas semanas. Depois que dormimos juntos, ele simplesmente sumiu no dia seguinte. Um típico cafajeste. Como pude acreditar que ele fosse diferente dos outros? Deixei-me enganar pelo caráter de Bryan e agora estou carregando um filho dele, sem saber onde ele mora ou como contatá-lo.

Minha amiga Pérola percebeu meu desespero e nervosismo e pegou o teste da minha mão, comentando perplexa:

— Meu Deus, Maribel, deu positivo. E agora, o que você vai fazer?

— Eu não sei, Pérola! Meu pai vai me matar quando souber disso. E o pior é que não tenho ideia de onde o Bryan mora ou como encontrá-lo. — confessei de maneira triste e chorosa.

Pérola respondeu sendo solidária:

— Não se culpe, Maribel. Quem nunca se iludiu com um príncipe encantado que no final se revelou um sapo? Você sabe que eu mesma sou prova disso! Esqueceu que cheguei da mesma maneira? Porém, eu tive mais sorte, não engravidei. O problema é que seu Júlio ficará possesso quando descobrir sobre sua gravidez.

— E você pensa que eu não sei, Pérola? Ele ficará completamente decepcionado, pois sempre teve muito orgulho de mim por estar lutando para vencer na vida e me tornar médica. E agora, cai uma bomba dessas. Realmente não faço ideia do que fazer. — sentei-me na cama e comecei a chorar, enquanto Pérola tentava me consolar.

Como odiava Bryan por ter feito isso comigo. Que desgraçado.

— Amiga, a única coisa que lhe resta agora é contar a verdade e se preparar para as consequências, porque elas virão. — disse Pérola, tentando me dar uma orientação.

— Nem me fale nisso, Pérola. O problema é que estou pensando se devo levar essa gravidez adiante. Não seria melhor que a interrompesse?

Pérola me olhou de maneira triste, mas entendeu meu ponto de vista e apenas respondeu:

— Amiga, isso é uma escolha só sua e depende apenas de você. Mas lembre-se que, se fizer isso agora, no futuro, mais adiante, pode se arrepender dessa decisão.

Mais uma vez, não pude evitar derramar lágrimas diante do destino cruel que estou enfrentando. Não sei o que será de mim, muito menos o que esperar para o futuro dessa criança. Depois do ocorrido, decidi jogar fora o teste de gravidez. Minha irmã Micaela não pode desconfiar da minha gravidez, pois seria a primeira a me envenenar para o nosso pai. Sempre foi invejosa e não se importava em me derrubar para obter o que queria, mesmo sendo minha irmã.

Uma semana depois

Alguns dias haviam se passado e os sintomas da gravidez estavam cada vez mais fortes. A fraqueza que me dominava pela manhã e a sonolência o dia todo eram horríveis. Minha mãe estava desconfiando do meu comportamento estranho. Quando ela colocou a comida na minha frente, o enjoo bateu e tive que correr rapidamente para o banheiro. Depois de jogar tudo para fora e lavar a boca, minha mãe estava na porta me encarando e me questionou séria:

— Estou há dias notando esse seu comportamento estranho! Agora me diga, quem é o pai da criança? E não tente me enrolar, Maribel. Porque eu já passei por isso e sei muito bem sobre o que estou lhe perguntando.

— Mãe, penso que a senhora está enganada! Estou passando mal porque devo ter comido algo no restaurante que me fez mal! — respondi, mas minha mãe me lançou um sorriso sarcástico como se ela fosse alguma idiota para ser enganada daquela maneira.

— Maribel, você acredita mesmo que pode me enganar? Filha, é melhor você me contar o que está acontecendo. Pois se seu pai, e Deus me livre, sua irmã desconfiarem, ela fará sua caveira para ele.

Dona Vera me encarava seriamente enquanto eu engolia em seco. Como iria revelar que o pai do meu filho era um homem desconhecido para mim? Como lhe dizer que acabei me envolvendo com um turista que me fez juras de amor por alguns dias e, após me levar para cama, simplesmente sumiu no dia seguinte? E acordei sozinha no quarto de hotel.

— Esse é o problema, mãe! Eu não sei onde está o pai do meu filho!

— Como assim? Você não sabe onde está o pai do seu filho, Maribel? Isso não existe. Alguém colocou esse bebê aí dentro, por que você está protegendo tanto ele? — minha mãe me encarava de maneira séria.

Se havia algo que ela não gostava, era que a fizessem de idiota. Desviei o olhar e respondi:

— A única coisa que sei sobre ele é que se chama Bryan, é um homem muito bonito e era hóspede em um hotel aqui da cidade. Sempre frequentava o restaurante...

— Maribel, você está me dizendo que se envolveu com um cliente do seu trabalho? Como você é tão irresponsável dessa maneira, menina? Não percebe que um homem desses, da forma que me descreveu, só está de passagem pela cidade? Não acredito nisso... — eu podia ver a decepção nos olhos da minha mãe.

Mas tudo não poderia ficar pior quando ouvi aquela voz grave se pronunciar atrás de nós duas.

— Não... você não fez essa vergonha para nossa família, Maribel? Logo você, em quem eu depositava toda a minha fé e que seria o orgulho dessa família.

O olhar do meu pai era de raiva e desgosto ao descobrir que a filha mais caprichosa e inteligente que ele possuía havia engravidado! Ele se aproximou furioso e perguntou, segurando-me entre seus braços e me chacoalhando:

— Como você ousa me fazer uma coisa dessas, Maribel?! Logo você, em quem coloquei todas as minhas fichas. Sua irmã já é uma perdida, mas você, por que fez isso comigo?

— Pai, me perdoa? Essas coisas acontecem! Eu jamais quis que fosse dessa maneira! Ele disse que me amava... — confessei aquelas palavras com lágrimas nos olhos.

Meu pai simplesmente me acertou um tapa, me jogando no chão, e respondeu com muito desgosto, levando as mãos aos cabelos:

— E aí, a idiota caiu? O velho truque que esses homens com dinheiro usam! Você sabe muito bem que, depois que conseguem o que querem, descartam mulheres como você feito lixo. Bastou ele lhe dizer, então, Maribel, que te amava, e você foi logo abrir as pernas para ele?

— Pai, por favor! Perdoa-me? Eu não queria fazer essa vergonha para a nossa família. Eu sei que deveria ter pensado nas consequências, mas ele disse que viria falar com você e pedir minha mão em casamento. No entanto, ele me enganou. Fui uma tola! — podia perceber o quanto meu pai estava machucado com aquela revelação.

Como se não bastasse, minha irmã Micaela entra pela porta e comenta sorrindo:

— Ah, então a santinha engravidou? Olha, posso ser o que for, mas ainda não trouxe nenhum neto para o senhor criar, meu pai. Eu sabia que você só tinha essa carinha de santinha, Maribel. No fundo, é muito pior que eu e ainda por cima uma burra. Quem engravidaria de um cara que mal conhece?

— Cala essa sua boca! Não se meta nessa conversa, Micaela! Pai, prometo que não desistirei dos meus sonhos... Eu ainda vou te dar muito orgulho, mesmo tendo essa criança. Juro isso para o senhor! — ele deu uma risada nervosa, passando a mão nos cabelos e respondeu ríspido.

— Você pensa mesmo que terá esse bastardo para eu cuidar? Escuta uma coisa, Maribel, eu quero que pegue todas as suas coisas e saia amanhã mesmo da minha casa. Só não vou te colocar para fora agora porque já está bem tarde! Mas amanhã, assim que o sol nascer, não quero mais ter a sua presença dentro da minha casa...

— Mas pai, para onde é que eu vou? Não faça isso comigo! Por favor, eu te imploro. — ele simplesmente virou as costas e respondeu se afastando.

— Isso não é um problema meu! Deveria ter pensado antes de abrir as pernas para um desconhecido que disse que te amava. Eu tenho vergonha de ser o seu pai!

Ele então sumiu no corredor, e minha mãe me olhou com lágrimas nos olhos, abraçando-me, enquanto minha irmã apenas ria com desdém da minha desgraça. Eu não sei o que farei da minha vida agora, muito menos como criarei essa criança. Mas amaldiçoo o dia em que Bryan entrou na minha vida.

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