(POV Selene)
A noite parecia respirar junto comigo.
O ar estava denso, pesado, como se cada sombra da floresta sussurrasse que estávamos cruzando uma linha sem retorno.
Eu e Elias caminhávamos em silêncio, e mesmo que ele não dissesse nada, eu sentia. O selo pulsava como uma lâmina cravada no peito, me lembrando a cada passo que estávamos ligados. Não importava quanto tentássemos ignorar, a Deusa tinha feito de nós correntes da mesma maldição.
— Mantém os olhos na estrada, Portadora. — a voz dele cortou o silêncio, baixa, controlada, mas ainda assim cheia de ferro.
Assenti, mas por dentro sorri com ironia. Como se eu pudesse não olhar. Como se cada passo naquela direção não fosse escolha e condenação ao mesmo tempo.
A floresta começou a rarear, e pela primeira vez vi as muralhas escuras da Cidade dos Caçadores. Eram altas, mais do que eu imaginava, erguidas de pedra cinzenta e ferro negro. Aquelas paredes não serviam apenas para manter lobos afastados. Eram prisão. Lembro do que minha